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Leituras recomendadas - 56

 

Fil�sofos e gn�sticos

Pedro Sette C�mara

 

�O objetivo de toda pol�mica entre cat�licos e hereges � fazer com que estes vomitem sua heresia, de prefer�ncia voltando � F� Cat�lica, ou ao menos expondo aquilo que ocultavam para se infiltrar e perverter os bons.�

Felipe Coelho

 

O coelhinho da Montfort resumiu a� toda a sua vis�o da �pol�mica� entre Orlando Fedeli e Olavo de Carvalho. Para ele, os lados j� est�o definidos: os montfortianos seriam os �cat�licos� e os �olavianos� os �hereges�. Mais: Olavo de Carvalho (e os olavianos) agem apenas como quem se infiltra no meio de inocentes cordeiros para lhes perverter a alma. O mais curioso aqui � que eu nunca vi Olavo de Carvalho dando aulas em ambientes nominalmente cat�licos, ou mesmo participando de qualquer atividade da Montfort � o coelhinho, ao contr�rio, era aluno do Semin�rio de Filosofia e participante do F�rum Sapientia. Al�m disto, o coelhinho trocava e-mails com alunos do Semin�rio, eu inclusive, solicitando materiais ou tentando demonstrar alguma incompatibilidade entre a �doutrina olaviana� e aquilo que ele pensa que � a doutrina cat�lica, na tentativa de fazer com que os alunos abandonassem as perigosas �guas da investiga��o filos�fica para se proteger no porto seguro da ret�rica fedelista.

Ret�rica, vejam bem. A ades�o a algum grupo � seja ela a Associa��o Montfort, a Igreja Cat�lica, o Partido Comunista ou um time de futebol � aliada � condena��o de tudo que pare�a um grupo e pare�a contr�rio s� pode produzir um discurso ret�rico, porque suas premissas s� s�o aceitas dentro do contexto daquele grupo e os demais grupos est�o sendo condenados justamente por n�o aceitar as tais premissas. Assim, os cat�licos condenam os mu�ulmanos por n�o serem cat�licos, e os mu�ulmanos condenam os cat�licos por n�o serem mu�ulmanos. N�o h� premissas comuns que permitam uma depura��o dial�tica dos discursos (ou at� h�, mas n�o ao n�vel dos montfortianos) dos grupos opostos, apenas premissas que se excluem mutuamente.

Assim, todo o esfor�o montfortiano � um s�: provar que Olavo de Carvalho e seus alunos n�o concordam com suas premissas. Como eles consideram que estas premissas s�o a quintess�ncia da doutrina cat�lica, cr�em que os discordantes s�o n�o-cat�licos ou mesmo anticat�licos. Que uma agremia��o oriunda da TFP, condenada por v�rios outros representantes do saco de gatos que comp�e a massa dos que se opuseram �s mudan�as recentes na Igreja Cat�lica, tamb�m alienada da pr�pria Igreja �oficial�, considere-se o �ltimo basti�o da doutrina, pode parecer altamente imprudente, mas n�o � at�pico nem imprevis�vel.

Na verdade, para eles, o simples fato de n�o pertencer � associa��o Montfort j� � raz�o suficiente para suspeitar de algu�m. Afinal, neste mundo mau, os homens de verdadeira boa vontade n�o se negariam a aderir ao grupo dos defensores do bem, da tradi��o, da fam�lia, da propriedade, e do direito de eliminar fisicamente os culpados por este mundo ser t�o mau � que � justamente a interpreta��o que os montfortianos d�o � posi��o contr�ria � �liberdade de consci�ncia�, pois acreditam que a vida civil deve ser regrada por um Estado forte da mesma maneira que a alma do fiel deveria se submeter � vontade divina. A vida da alma, por�m, � diferente da vida civil.

Que eles creiam nisto, v� l�: cada um sabe de si. Mas da� a pretender que � um ponto essencial do catolicismo a defesa de um Estado que imponha a moralidade crist� a todos os cidad�os... � poss�vel entender porque um sujeito que se diz cat�lico pense isto a partir das considera��es sobre a Igreja e o imp�rio tecidas por Olavo de Carvalho no Jardim das Afli��es, mas n�o � poss�vel aceitar em s� consci�ncia que a ades�o � f� cat�lica compreenda necessariamente a ades�o � ideologia de um �mundo melhor crist�o� � at� porque Jesus disse: �meu reino n�o � deste mundo�. Isto vale tanto para os �te�logos da liberta��o� que desejam fazer a revolu��o prolet�ria e chamar isto de reino de Deus quanto para os TFPistas e afins � isto �, a Montfort � que desejam instaurar o reino do moralismo.

Se houver qualquer d�vida de que � isto mesmo que a Montfort defende, basta considerar, em �ltima inst�ncia, que Orlando Fedeli defende, segundo Felipe Coelho, a doutrina expl�cita da TFP, que pode ser encontrada, sem equ�voco, no site da mesma. O Auto-retrato filos�fico de Pl�nio Correia de Oliveira assim sintetiza o primeiro dos �principais elementos doutrin�rios� do cl�ssico TFPista Revolu��o e Contra-Revolu��o: �a miss�o da Igreja como �nica Mestra, Guia e Fonte de Vida dos povos rumo � civiliza��o perfeita�.

Este item, que deixa de ser um pressuposto de an�lise te�rica e passa a ser uma diretriz de a��o no momento em que um grupo minorit�rio pretende assumir o papel que atribu�a � Igreja (seja por consider�-la decadente ou qualquer coisa), mais os subseq�entes, j� bastam para enquadrar a doutrina expl�cita da TFP � e, por conseguinte, da Montfort � em cinco dos seis itens assinalados por Eric Voegelin para descrever a gnose.

Como se isso n�o bastasse, basta olhar a conduta dos montfortianos, que fizeram de uma vis�o peculiar � e bastante pr�xima da gnose segundo Voegelin � da doutrina cat�lica sua �gnose� particular, dando o benef�cio da d�vida quanto � salva��o da alma aos membros de seu gr�mio e a condena��o certa de quem estiver de fora � Felipe Coelho, auto-nomeado promotor do Ju�zo Final, j� proferiu a minha senten�a.

Isto tudo, como dizia, n�o passa de ret�rica, como � todo discurso destinado a condenar algu�m, e n�o pode dizer nada quanto � verdade dos fatos, mas apenas quanto � sua adequa��o aparente a uma interpreta��o peculiar da doutrina da Igreja, ali�s mais fixada na letra da doutrina do que em seu conte�do. A veracidade da doutrina, como j� disse em meu artigo O Cora��o e o Mundo, s� pode ser verificada pela consci�ncia humana individual, e n�o pelos livros que a cont�m. Livros n�o pensam nem inteligem. Palavras s� se referem a algo se a consci�ncia �v� o objeto que elas chamam. Caso contr�rio, sa�mos do mundo das coisas para viver no n�o-mundo das palavras soltas, onde um computador pode habitar perfeitamente. E � realmente tenebroso que entre os defensores da Igreja estejam pessoas t�o incapacitadas para defend�-la com algo al�m da intelig�ncia de um computador e a capacidade de armar intrigas.

 

Ap�ndice I

E-mail enviado � Montfort no dia 6 de agosto, n�o publicado

Srs. Montfortianos,

Agradecendo a publica��o integral de meu e-mail � honra jamais antes dispensada a este mortal por qualquer outro ve�culo � , gostaria no entanto de fazer alguns reparos, que me parecem mais urgentes. Outros devem seguir de acordo com a disponibilidade e a paci�ncia.

1. N�o sou "astr�logo", e sim "estudante de astrologia". Qualificar-me como astr�logo equivale a chamar o disc�pulo de mestre.

2. � uma deslavada, p�rfida, s�rdida mentira que o primeiro e-mail a ser recebido pela Montfort tenha sido o meu. Foi o do Marcelo De Polli, o �Montfort Kids - para seu fedelho virar um Fedeli�.�

3. Felipe: aquilo que voc� escreveu sobre ir roer um carvalho foi extremamente constrangedor. Contenha-se, pois, como diria o Dr. Freud, um carvalho �s vezes � apenas um carvalho.

Pedro Sette C�mara

 

Ap�ndice II

Parab�ns � Montfort por ter tirado as estrelinhas da primeira p�gina do site! Agora s� falta o resto! Voc�s quase nem parecem mais ma�ons!