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O Brasil tem fil�sofo

Entrevista de Olavo de Carvalho a Gram�tica On-line

 

Um dos mais conhecidos (e pol�micos) pensadores da atualidade, Olavo de Carvalho conversa com o Gram�tica On-line a respeito de filosofia, cultura e, � claro, l�ngua portuguesa

Por J�lio Tanga

 

"Ol�, amigo. O Olavo de Carvalho est� respondendo aos sucessivos ataques por parte de alguns �rg�os de imprensa, fato que o impossibilita de responder-lhe agora. Voc� receber� resposta o mais r�pido poss�vel." � certo que esse e-mail, enviado atenciosamente ao Gram�tica On-line como justificativa da eventual demora com que se daria a entrevista, atesta a vida nada consensual do fil�sofo e jornalista tido por muitos como dos maiores pensadores da atualidade. O nome Olavo de Carvalho �, para alguns, sin�nimo de pol�mica, talvez porque, diferentemente dos que se sentem apontados em seu livro O Imbecil Coletivo: Atualidades Inculturais Brasileiras, ele se destaque por defender a liberdade da consci�ncia individual contra a tirania da autoridade coletiva. Diferen�as ideol�gicas deixadas de lado, � indiscut�vel (e interessa-nos mais nesta entrevista) a qualidade da express�o e do conte�do das id�ias desse pensador que mais brasileiros deveriam conhecer.

�Olavo Luiz Pimentel de Carvalho, 54, nasceu em Campinas, interior de S�o Paulo. Estudou Filosofia no Conjunto de Pesquisa Filos�fica da PUC do Rio de Janeiro por tr�s anos, sob a dire��o do Padre Stanislavs Ladus�ns. Apesar de n�o ter podido terminar o curso - fechado ap�s a morte de Ladus�ns -, Olavo de Carvalho n�o quis dar prosseguimento aos seus estudos em outra institui��o de ensino superior. "Os outros cursos de Filosofia que eu conhecia neste pa�s n�o me interessavam, pois eram demasiado ruins", diz o estudioso, que n�o se considera um autodidata, por ter desfrutado a orienta��o de muitos mestres, principalmente no campo das religi�es comparadas.

�Pai de oito filhos e j� por quatro vezes av�, o fil�sofo dedica-se, entre outras atividades, aos seus livros (est� sendo publicado o d�cimo quinto de sua autoria) e artigos veiculados em grandes peri�dicos brasileiros. Merecem aten��o especial do pensador os Semin�rios de Filosofia que conduz em S�o Paulo. O curso, que atrai estudantes e profissionais de diversas �reas, � reconhecido como um dos mais s�rios e consistentes dos que se conhecem. Encontram-se excertos das apostilas do curso - al�m de in�meros textos publicados por e sobre Olavo de Carvalho em v�rios jornais e revistas - no site www.olavodecarvalho.org, mantido e atualizado desde maio de 98 pelo pr�prio professor. A p�gina, visitada por cerca de 600 internautas diariamente, j� recebeu o t�tulo de Site do M�s (OpenLink / abril de 99) e mostra, por si s�, por que seu criador gera tanta pol�mica no meio intelectual�ide e por que a qualidade de seu texto chama tanto � aten��o. Sem d�vida alguma, � um dos poucos sites da rede mundial de computadores que induzem a uma reflex�o realmente cr�tica. Uma infinidade de temas � abordada com linguagem simples, bem-humorada, apimentada e abrasileirada, encarrapitada em uma qualidade gramatical de causar inveja a muitos jornalistas e profissionais das letras. A maioria dos textos est� disposta integralmente no site, que � gratuito.

�Entrevistado pelo Gram�tica On-line, Olavo de Carvalho falou sobre suas prefer�ncias de leitura, sobre filosofia e, principalmente, sobre a L�ngua Portuguesa e seu estudo.

 

�Gram�tica On-line - Comecemos falando um pouco sobre a sua �rea. Na sua opini�o, que � a Filosofia? H� diferen�as entre concep��es antigas e modernas de Filosofia?

�-- A Filosofia, segundo a entendo, � a unidade do saber realizada na unidade da consci�ncia e vice-versa. Creio que essa defini��o absorve e domina praticamente todas as defini��es antigas e modernas. Ali�s, foi obtida da compara��o delas.

��Gram�tica On-line - Muitas pessoas t�m d�vida quanto � atua��o profissional do fil�sofo. Al�m de lecionar, que atividades pode exercer o formado em Filosofia?

��-- A Filosofia, em si, n�o � uma atividade profissional (e espero que n�o se torne isso nunca), mas um tipo de know-how que est� subentendido, ou deveria estar, em inumer�veis profiss�es, especialmente o ensino, a pesquisa cient�fica em todas as �reas, as artes, a pol�tica, a medicina.

��Gram�tica On-line - Atualmente, as faculdades em geral formam realmente fil�sofos? Ou s�o s� professores de Filosofia?

��-- Ningu�m pode dar o que n�o tem nem ensinar o que n�o sabe. N�o h� um s� fil�sofo no nosso meio acad�mico, e a prova � que esse meio rejeita, por medo e preconceito, todo fil�sofo aut�ntico que apare�a dentro ou fora dele. Dizer que uma Marilena Chau�, um Leandro Konder sejam fil�sofos � um ultraje � filosofia. A primeira � uma professora de gin�sio, o segundo � um propagandista barato. Mas � s� esse tipo de gente que a universidade aceita. J� o Vill�m Flusser, um g�nio espantoso, acabou desistindo do Brasil e foi publicar seus livros na Alemanha, onde imediatamente foi reconhecido como um dos pensadores mais originais das �ltimas d�cadas. No Brasil aqueles entojadinhos da USP faziam pouco dele, empinavam o nariz diante dos seus escritos porque eram publicados em jornal � como se Gabriel Marcel ou Ortega y Gasset tamb�m n�o tivessem sido eminentemente jornalistas. M�rio Ferreira dos Santos e Vicente Ferreira da Silva tamb�m foram postos para escanteio, e at� Miguel Reale, reitor da USP, era discriminado dentro da sua pr�pria universidade. Agora, com quarenta anos de atraso, a USP decidiu absorver o prof. Reale, concedendo ao mestre um lugarzinho modesto ao lado de quinze micos na colet�nea Conversas com Fil�sofos Brasileiros, na qual ele � obviamente o �nico fil�sofo presente. Ora, esses quatro nomes � Flusser, Reale e os dois Ferreiras � perfazem o essencial da filosofia brasileira deste s�culo � o que vale dizer que a filosofia esteve rigorosamente fora da universidade, por obra de med�ocres e invejosos que se empoleiraram como urubus nas chefias de departamentos. O que a universidade brasileira tem feito contra a filosofia � simplesmente criminoso.

��Gram�tica On-line - Nota- se que h� muitas faculdades de Filosofia (e Letras) espalhadas pelo pa�s. Essa prolifera��o de faculdades � boa ou ruim para o ensino qualitativo da Filosofia?

��-- � p�ssima. Quanto mais gente falando do que n�o entende, mais confus�o, mais empulha��o, mais verbalismo oco vai circular pelo pa�s. A filosofia universit�ria no Brasil s� vai come�ar quando o MEC ou institui��o similar fizer uma edi��o padr�o dos escritos daqueles quatro grandes pensadores e a distribuir como leitura obrigat�ria em todas as faculdades. N�o pode haver ensino da filosofia sen�o com base numa filosofia vivente.

��Gram�tica On-line - Pode- se dizer que hoje em dia h� grandes pensadores, como S�crates, Plat�o, Santo Agostinho, etc.?

��-- Eric Voegelin e Xavier Zubiri superam todos os demais pensadores da segunda metade do s�culo XX.

��Gram�tica On-line - Quais s�o seus autores favoritos (da filosofia e de outras �reas)?

�-- Em filosofia, Arist�teles, Leibniz, Sto. Tom�s, Schelling, Husserl, Voegelin, Zubiri, Lonergan, �ric Weil, Louis Lavelle. Na literatura, Dante e Shakespeare, Dostoievski e Stendhal, Cam�es e Camilo, Manzoni e Scott, P�o Baroja, Thomas Mann e Jacob Wassermann, Antonio Machado, Apollinaire, T. S. Eliot e William Butler Yeats. Mas gosto tamb�m muito de ler historiadores - meus prediletos s�o Taine, Huizinga e Oliveira Martins - e obras de psicologia, principalmente as de Viktor Frankl, Lipot Szondi e Maurice Pradines. Nas ci�ncias sociais, Weber e Ludwig von Mises. Em religi�o, al�m da B�blia, do Cor�o e dos Upanishads, releio sempre a Legenda Dourada de Giacomo di Varezzo, um livro que me parece ter certos dons miraculosos. Sou aficionado de temas isl�micos e retorno sempre aos livros de Ibn Arabi, Ren� Gu�non, Henry Corbin, Frithjof Schuon, Titus Burckhardt, Seyyed Hossein Nasr. Adoro as pol�micas de Chesterton, de Bernanos, de Nelson Rodrigues. Gosto tamb�m de livros de mem�rias e depoimentos, sobretudo de pol�ticos, agentes secretos e criminosos que um dia envelhecem e perdem o medo de contar o que sabem; mas tamb�m relatos de vidas extraordin�rias: meu preferido desde a inf�ncia, relido com encanto crescente de tempos em tempos, � Hunter, de John A. Hunter (uma coincid�ncia de nome e profiss�o): mem�rias de um ca�ador de le�es e elefantes, certamente o melhor livro de psicologia animal que algu�m escreveu antes de Konrad Lorenz.

��Gram�tica On-line - Diante de tantos autores, de tanta leitura, que o senhor diz sobre o jovem? Com o desenvolvimento da Sociedade da Informa��o, o jovem tem pensado menos ou mais? Est� mais f�cil ou mais dif�cil pensar?

��-- Os computadores e a internet, em si, s�o um imenso benef�cio para todas as atividades intelectuais. O problema � que pessoas incapazes de absorver mesmo doses moderadas de informa��o se v�em de repente submetidas a um bombardeio inform�tico. No m�nimo, isso infunde nelas a ilus�o de que est�o por dentro de todos os assuntos. Na verdade, para tirar proveito da internet o sujeito precisa ter as habilidades conjuntas de um pesquisador acad�mico, de um jornalista e de um oficial de informa��es. O n�mero de pessoas que tira real proveito da internet � �nfimo. Que fazer pelas outras? Bem, da minha parte j� fa�o o que est� ao meu alcance: procuro desenvolver nos meus alunos aquelas habilidades conjuntas. Mas n�o creio que os demais educadores estejam conscientes dessa necessidade, porque eles pr�prios n�o t�m em geral esse tipo de forma��o.

��Gram�tica On-line - Al�m de ler, qual � o seu hobby? Uma atividade que lhe proporcione prazer...

�N�o tenho nenhum hobby em especial. Tudo o que fa�o me proporciona imenso prazer, sobretudo estudar, escrever, dar aulas, conviver com a minha fam�lia maravilhosa e com os meus amigos, comer, amar, rezar, dormir. Se tivesse tempo livre, iria ca�ar e andar a cavalo, coisas que fiz muito na inf�ncia. M�sica, ou�o de vez em quando, mas sempre as mesmas, principalmente Mozart e Wagner. Filmes, j� vi todos os que queria ver.

��Gram�tica On-line - Falemos um pouco sobre a Gram�tica. Quais s�o os primeiros registros dos estudos l�gicos e gramaticais?

��-- Os primeiros estudos gramaticais no Ocidente resultaram da tentativa de aplicar � linguagem, considerada materialmente, os conceitos da l�gica de Arist�teles. Mas a aplica��o foi muito rasa e um logicismo extempor�neo deixou cicatrizes em toda a gram�tica ocidental. Quem estudou isso a fundo e procurou corrigir essas distor��es foi Eugen Rosenstock-Huessy, cujo livro A Origem da Linguagem deve sair em breve pela Biblioteca de Filosofia que dirijo na Editora Record.

��Gram�tica On-line - Ao seu ver, qual � a melhor maneira de desenvolver no cidad�o a habilidade de escrita e leitura?

��-- Expliquei algo disso no meu artigo "Aprendendo a escrever" (O Globo, 3 fev. 2001). Primeiro o sujeito tem de adquirir, pela leitura de obras de hist�ria, de cronologia e de bibliografia, um senso da unidade do campo das letras. Um bom come�o � a Hist�ria da Literatura Ocidental de Otto Maria Carpeaux, ou a s�rie Great Books da Encyclopaedia Britannica. Mas em seguida, ou ao mesmo tempo, tem de ler os cl�ssicos e tentar imit�- los, formando um repert�rio de meios de express�o. Terceiro, tem de manter esse repert�rio em cont�nuo acr�scimo e desenvolvimento, pela pr�tica da escrita.

��Gram�tica On-line - Entre as caracter�sticas de Olavo de Carvalho, uma que merece destaque � a habilidade ling��stica. O seu texto mostra-se, ao mesmo tempo, fiel �s normas do ensino prescritivo do idioma (a chamada norma culta da l�ngua) e acess�vel a um grande n�mero de leitores. Leitura qualitativa e quantitativa basta para que se alcance essa habilidade? O dom�nio das estruturas fon�tica, morfol�gica e sint�tica � realmente necess�rio?

��-- H� dois tipos de pessoas: as que aprendem por indu��o e as que primeiro precisam conhecer a regra geral para depois reconhec�-la na pr�tica. O aprendizado da gram�tica � necess�rio a ambas, mas em momentos diferentes. As do primeiro tipo (e eu mesmo estou entre elas) devem acumular uma grande experi�ncia de leitura antes de ter a primeira li��o de gram�tica, porque j� ter�o aquela experi�ncia que lhes permitir� reconhecer do que a gram�tica est� falando. Mas h� pessoas que precisam estudar gram�tica primeiro. O educador � que tem de ter o tiroc�nio para perceber o que � melhor para o seu aluno.

��Gram�tica On-line - Como o jornalista Olavo de Carvalho v� a situa��o dos textos impressos dos meios de comunica��o. Os cursos de Jornalismo est�o levando a s�rio a abordagem (ou estudo) da linguagem? Qual � a solu��o?

��-- A linguagem da m�dia � um compactado de cacoetes funcionais. O sujeito que aprende a escrever com base nela vai tender inevitavelmente a compact�-la ainda mais. S� os grandes escritores t�m o g�nio, o esp�rito do idioma. � preciso aprender a escrever com Camilo e Machado, e s� depois simplificar o idioma para adapt�-lo �s necessidades da m�dia. Para fazer comida desidratada � preciso partir da comida aut�ntica: se o sujeito desidrata o que j� vem desidratado, acaba comendo areia.�

�Gram�tica On-line - O senhor estudou profundamente a Gram�tica ou, como explicam alguns jornalistas, apela na maioria das vezes � intui��o para escrever adequadamente?

��-- N�o sei quem foi que disse que cultura � aquilo que sobra quando a gente esquece o que aprendeu. Fiz muitos exerc�cios de gram�tica, seguindo especialmente a velha Gram�tica Met�dica de Napole�o Mendes de Almeida, e procurei incorporar o aprendizado de tal modo que a regra aprendida funcionasse automaticamente. Hoje, que escrevo com corre��o, esqueci metade da nomenclatura gramatical e ela n�o me faz falta nenhuma. A gram�tica � um estudo reflexivo que pressup�e de certo modo o conhecimento pr�tico do idioma e n�o pode substitu�- lo. Mas, como eu j� disse, as mentes muito dedutivas e anal�ticas precisam j� de um pouco de gram�tica no come�o do aprendizado.

��Gram�tica On-line - Tem-se falado muito sobre a influ�ncia da l�ngua na sociedade e vice-versa. A difus�o intolerante da Gram�tica tradicional d� origem, segundo alguns socioling�istas, ao preconceito ling��stico, sentimento por meio do qual se mant�m o desrespeito �s variantes ling��sticas divergentes da norma culta, da variante de prest�gio. O senhor acha que o ensino rigoroso da Gram�tica, como era antigamente, pode contribuir para a manuten��o desse preconceito? A norma culta �, como dizem, mais uma das imposi��es de uma minoria que visa a manter as classes sociais distantes umas das outras?

�-- Esses soci�logos s�o simplesmente charlat�es que querem tirar proveito pol�tico de uma observa��o falseada da realidade. N�o estamos na Inglaterra, onde o falar correto ou incorreto basta para identificar imediatamente a classe social a que o sujeito pertence. Aqui, as classes altas falam e escrevem t�o errado quanto o pov�o, e s� quem se interessa pela norma culta s�o escritores e gram�ticos pobret�es e marginalizados. Por outro lado, exigir que o aluno, em vez de aprender a norma culta geral, se apegue eternamente aos modos de falar do seu bairro ou da sua classe social, isto sim � discrimin�-lo, barrando-lhe o acesso a uma norma que existe justamente para ser o terreno comum da comunica��o democr�tica. Os inimigos da norma s�o obscurantistas que querem prender cada pessoa no gueto ling��stico e social da sua inf�ncia, bloquear a comunica��o social e inviabilizar a democracia. Os que inventaram essa ideologia sabem perfeitamente que o prop�sito dela � criminoso. Os que a repetem como papagaios do alto de suas c�tedras s�o apenas tolos desprez�veis.

��Gram�tica On-line - Na sua opini�o, � mais eficaz combater o preconceito ling��stico ou difundir de maneira mais figurativa os conhecimentos do idioma?

��-- O �nico preconceito ling��stico que existe no Brasil � contra a linguagem correta. Ningu�m � criticado neste pa�s porque fala errado, mas, se usa uma �nica palavra que a plat�ia desconhe�a, � rotulado imediatamente de pedante, e assim todos contribuem para o empobrecimento do idioma. H� na sociedade brasileira uma esp�cie de populismo at�vico, regressivo, m�rbido e masoquista. Temos de acabar com ele, e qualquer ensino da gram�tica � �til para esse fim.

��Gram�tica On-line - Certa vez, quando o Gram�tica On-line julgou que houvesse uma falha de digita��o no seu site (a palavra mu�ulmano foi escrita com dois ss), o senhor disse que escreveu intencionalmente a forma que transgride a registrada. Referiu-se, ainda, a um sistema fon�tico independente, de sua autoria. O senhor poderia explicar em que consistem essas a��es dissidentes?

�-- Foi apenas um truque que inventei para facilitar o aprendizado do �rabe cl�ssico. O sistema internacional de translitera��o � complicado e incoerente. Em �rabe a escrita pode ser abreviada mediante a omiss�o das vogais, como numa taquigrafia. Na translitera��o internacional voc� nunca sabe se as letras s�o vogais ou consoantes. Inventei ent�o uma translitera��o na qual as consoantes eram grafadas em mai�sculas e as vogais em min�sculas. S� que para isso era preciso que cada letra �rabe correspondesse a uma e uma s� letra portuguesa. Naturalmente, isso acabava por afetar os pr�prios termos �rabes aportuguesados, como por exemplo "mussulmano", que � uma adapta��o de musslim. Na minha translitera��o, musslim se escreve MuSSLiM, indicando que, na escrita corrente - por exemplo, num jornal �rabe -, se escreveria apenas MSSLM. A utilidade disso � extraordin�ria para o aluno estrangeiro, porque, para o �rabe, a consoante, conforme o contexto, j� sugere imediatamente a vogal que a acompanha, e para n�s n�o, o que � um problema, j� que as declina��es (nominativo, genitivo e acusativo) s�o indicadas precisamente pelas vogais. H� um belo livro de introdu��o ao �rabe, Arabic Made Easy, de Abdul Hashim, que estou adaptando para o portugu�s com a minha translitera��o. Mas ainda vai demorar para ficar pronto, porque tenho pouco tempo para trabalhar nisso.

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