Sucesso total do I Congresso do Instituto Brasileiro de Humanidades
Hotel Mara, Vassouras, RJ, 17 e 18 de junho de 2000
Vista parcial da platéia.
Bate-papo no jardim do Hotel Mara.
Nelson Lehmann da Silva, Henriette Fonseca, Lúcia de
Fátima Junqueira, Olavo de Carvalho.
O embaixador José Osvaldo de Meira Penna, presidindo a
sessão, e o palestrante Fernando Manso.
Fotos de Wagner Wuo
Documentos do I Congresso do IBH
Série 1
A documentação do I Congresso do IBH será
posta à disposição do público à
medida que se torne disponível. Os resumos das palestras
deverão aparecer aqui já nos próximos dias. A
transcrição completa será publicada em livro
e parcialmente reproduzida neste site. As fitas de
vídeo, a cargo da
É-Realizações, deverão estar
prontas para distribuição dentro de algumas semanas.
I. Depoimento
ALVARO VELLOSO DE CARVALHO
O Indivíduo, No. 15 - 23/06/00
Seria uma pretensão desmesurada minha resumir de forma
adequada o que aconteceu no I Congresso do Instituto Brasileiro de
Humanidades, ocorrido em Vassouras no último fim de semana.
Acredito que maiores detalhes deverão ser disponibilizados
nos próximos dias, inclusive as fitas das palestras e talvez
até suas transcrições. Quero, pois, apenas dar
uma idéia geral do que foi o congresso.
E, antes de mais nada, é preciso dizer que ele superou todas
as minhas expectativas, tanto pela organização
(considerando-se que foi o primeiro), quanto pelo altíssimo
nível das palestras.
A idéia do Congresso era dar um panorama geral da obra do
prof. Olavo de Carvalho, uma obra vastíssima, que se estende
por praticamente todos os domínios do conhecimento humano, e,
para tanto, o próprio professor escolheu oito temas centrais,
apesar de deixar de lado outros temas igualmente importantes, como
seus trabalhos sobre o simbolismo e sobre religiões
comparadas.
Nenhum outro tema poderia abrir os estudos senão a pedagogia
desenvolvida por Olavo, por sua vez decorrente de sua
concepção da inteligência como "capacidade para
apreender a verdade". O tema foi muito bem apresentado por Ronaldo
Castro de Lima Jr., apesar de ele ter sido chamado uma semana antes
do Congresso para substituir a pessoa que inicialmente faria a
palestra. Para os interessados no tema, um belo resumo das
idéias pedagógicas do Olavo encontra-se no texto
"Inteligência e verdade", definido pelo próprio
Ronaldo, em sua apresentação, como "preâmbulo
iniciático" da filosofia do Olavo..
Estabelecido o conceito de inteligência, resta saber ainda
como ela se desenvolve, isto é, estudar a psicologia humana.
Os estudos do Olavo sobre assunto foram apresentados em duas
palestras. Lúcia de Fátima Junqueira, em
apresentação absolutamente brilhante, tratou do tema
"A definição da psique e a astrocaracterologia",
mostrando como o Olavo foi buscar o conceito de psique subentendido
em toda a diversidade de coisas que os psicólogos modernos
dizem a respeito, e como, daí, ele partiu para o estudo do
desenvolvimento do caráter no ser humano e, posteriormente,
para uma tentativa de correcioná-lo com a figura do
céu (daí o nome "astrocaracterologia"). Essa parte da
obra é pouco conhecida por quem entrou em contato com o Olavo
há pouco tempo, e não há nada publicado a
respeito além do livreto O Caráter como forma pura da
personalidade. Existem quilos de papel com
transcrições de cursos sobre o assunto, e imagino que
alguém deverá reuni-los e divulgá-los um dia.
A outra parte da palestra, com aplicações
formidáveis em pedagogia, tratou do "Trauma da
emergência da razão", apresentado por Henriette
Fonseca. A palestra foi uma grande novidade para mim, e parece que
não há nem mesmo transcrições de aulas
sobre o assunto, o que é lamentável.
O dito "trauma" é o momento no desenvolvimento cognitivo
individual em que a intuição, que é a porta de
entrada dos dados, encontra uma barreira onde não consegue
penetrar; olha para algo e o encara não mais como
substância, mas como pergunta. É aí que o
sujeito busca elaborar uma síntese parcial temporária,
a partir de sua experiência acumulada.
É evidente a importância do estudo dessa espécie
de "ponto de partida" da racionalidade individual, inclusive porque
os traumas cognitivos são muito mais importantes para o
desenvolvimento do indivíduo do que os traumas afetivos,
estes exaustivamente abordados pela psicologia moderna.
Depois da pedagogia e da psicologia, o que mais poderia vir
senão a gnosiologia?
E, na palestra mais aguardada do Congresso, Fernando Manso
apresentou com coerência e poder de síntese
admiráveis as respostas do prof. Olavo às
questões mais espinhosas da filosofia, como o fundamento da
objetividade do conhecimento e as relações entre
sujeito e objeto.
Essa gnosiologia, que é mais propriamente chamada uma
"ontognosiologia", será o tema do muito aguardado livro O
Olho do Sol, ainda em fase de preparação, mas algumas
de suas idéias centrais já podem ser encontradas na
página do prof. Olavo, em textos como "Da
contemplação amorosa", "Kant e o primado do problema
crítico", "Descartes e a psicologia da dúvida", "Ser e
conhecer", "A unidade de sujeito e objeto", "Conhecimento e
presença", "Kant e a mediação entre tempo e
espaço", "Notas sobre simbolismo e realidade" e "Identidade e
Univocidade".
Uma observação: pela quantidade de textos que citei,
já é possível perceber o valor do trabalho do
Fernando, ao unificá-los e expor conceitos anteriormente
expostos de forma esparsa sob uma perspectiva única.
A última palestra do primeiro dia foi proferida pelo
próprio prof. Olavo de Carvalho, intitulou-se Da Anamnese ao
Anagnorismos e versou sobre o "método anamnético"
usado pelo prof. Olavo e que me perdoem mas não vou me
aventurar a resumir aqui. Digo apenas que este método toma
como modelo básico da certeza aquilo que apenas o
indivíduo que os conhece testemunhou (os "atos sem
testemunha" da frase que abre o site do Olavo) e, aumentando a
consciência do indivíduo sobre a própria vida,
os próprios atos exteriores e, principalmente, interiores,
vai aumentando a sua confiança na própria
inteligência para tratar de questões cada vez mais
amplas, desde que ele as perceba como objetivamente importantes.
Claro que, a intuição sendo incapaz de ser expressa
diretamente, mas apenas por seu reflexo discursivo, era
necessário que, complementando a ontognosiologia e o
método filosófico, o prof. Olavo desenvolvesse uma
teoria do discurso. Ele não a desenvolveu propriamente, mas a
descobriu implícita em Aristóteles, estabelecendo uma
nova chave interpretativa para o sistema aristotélico.
A excelente palestra do nosso caríssimo amigo e
freqüente colaborador Alexandre Bastos teve, justamente, como
tema a "Teoria dos Quatro Discursos".
Essa eu posso me aventurar a resumir da seguinte maneira: o discurso
humano é uma potência única, que se atualiza de
quatro maneiras diversas (i.e., segundo um determinado esquema de
possibilidades), a poética, a retórica, a
dialética e a analítica, que se distinguem entre si
por seus níveis de credibilidade, que são,
respectivamente, possível, verossímil, provável
e certo.
O básico da teoria foi expresso no livro Aristóteles
em nova perspectiva, lançado pelo prof. Olavo há uns
três anos (um de seus capítulos está
disponível em português e em francês). Mas
Alexandre fez mais que repetir as explicações desse
livro. Ele mergulhou nas centenas de páginas de
transcrições de aulas do Olavo sobre o assunto, e
daí extraiu uma maneira original de expor a importância
da teoria e a demonstração de sua veracidade. De
quebra, atacou as pretensões totalizantes da "nova escola de
retórica" de Chaim Perelman e do formalismo lógico de
Wittgenstein.
Ainda dentro da teoria do discurso, Pedro Sette Câmara, que
dispensa apresentações, foi o responsável pela
exposição dos "Fundamentos metafísicos dos
gêneros literários", teoria dos gêneros
literários apresentada no livreto Os fundamentos
metafísicos dos gêneros literários e definida
pelo próprio Pedro, em sua palestra, como a única
além da de Northrop Frye (à qual não se
opõe, apenas enfoca o assunto de outra maneira) a propor
seriamente uma resposta a respeito do que são realmente os
gêneros literários.
O modo de existência dos gêneros literários
é definido por Olavo como sendo esquemas de possibilidades
que balizam as elocuções, da mesma maneira que as
direções do espaço balizam a caminhada.
São os modos de elocução.
Pertencendo ao mundo humano, são delimitados pelas mesmas
condições que delimitam este: tempo, espaço e
quantidade. Dessas determinações, e seus sucessivos
entrecruzamentos, são deduzidos os diversos gêneros,
sendo, por exemplo, o gênero narrativo decorrente do tempo, o
gênero expositivo do espaço e o gênero
lírico do número.
A palestra a seguir iniciou o tema geral da "filosofia da
ação", começando do começo: a filosofia
da ética, apresentada por este que vos escreve.
Meu trabalho foi, essencialmente, o de coerenciar e reunir
demonstrações que tinham sido dadas pelo prof. Olavo
em textos e aulas esparsas, sendo que o núcleo do tema se
concentrava no "curso de ética" pronunciado no Rio de Janeiro
em 1994.
Se eu tivesse escrito um texto para a palestra, com certeza o
disponibilizaria aqui, mas fiz apenas apontamentos e um conjunto de
citações, que acabariam servindo mais para confundir
que para esclarecer.
Dividi a palestra em quatro partes, cada uma delas, por sua vez,
dividida em seções:
I- O objeto da filosofia ética, i.e., do que trata a
filosofia moral ou ética? O mais importante, neste ponto, era
distinguir a filosofia moral das diversas morais sociais, e
identificar onde se manisfesta o problema ético.
II- A autoconsciência como fundamento da moral. Neste ponto,
mediante rigorosa análise do cogito cartesiano, mostrei,
seguindo o Olavo, a absoluta necessidade do princípio de
autoria e de que forma ele fundamenta a moral.
III- Resposta às objeções kantianas à
objetividade do conhecimento moral.
IV- A materialidade da moral baseada no princípio de autoria,
que, embora pareça ser puramente formal, como diria Kant, na
verdade, aponta (e fundamenta objetivamente este apontamento) para
um valor moral muito claro: a unidade do sujeito.
Tenho certeza de que algum dia o "curso de ética" será
revisado e publicado. Mas os princípios básicos dessa
exposição estão na terceira parte do texto "Da
contemplação amorosa", bem como no capítulo do
Jardim das Aflições sobre a "ética de Epicuro".
A filosofia da ação continua na
investigação sobre "natureza e formas do poder",
definido como tema nuclear das ciências sociais. Esta parte da
filosofia política do Olavo foi bem apresentada por Luciano
Saldanha Coelho, que seguiu a linha de demonstração
dos textos do próprio Olavo sobre o assunto.
Essa linha é basicamente a seguinte: poder é
possibilidade concreta de ação; ação
é transformação deliberada de um estado de
coisas; ação no sentido político é
determinar voluntariamente as ações de outrem. Agir,
no sentido estrito, é produzir obediência. Os tipos de
poder decorrem, então, das motivações objetivas
da obediência, que são três: a força
física, o dinheiro e o carisma, sendo mais efetivo o poder
quanto menos ele estiver "no" indivíduo.
Daí decorrem os modos do poder e suas divisões, com a
teoria reformada das castas, que aplica os conceitos hindus de
castas à sociologia, definindo as castas como o esquema geral
dos modos de atuação dos indivíduos.
Dito assim, é difícil entender a importância
dessas observações e a extensão de suas
aplicações; isso só ficará claro para
quem leia os textos inteiros. Mas algumas dessas
aplicações podem ser encontradas no próprio
Jardim das Aflições e nos artigos de jornal em que o
prof. Olavo analisa a situação política do
Brasil e do mundo. Eu mesmo, dentro das minhas muitas
limitações, tenho tentado aplicar esses
princípios à análise política.
A palestra que encerrou o Congresso foi cercada de suspense, porque
não sabíamos se o Marcelo De Polli (webmaster da
página do Olavo e expositor com enormes recursos
didáticos, que não teve condições de
usar), encarregado dela, teria condições
físicas de apresentá-la, por ter sido tomado por uma
forte febre dois dias antes da apresentação. Na hora,
Marcelo acabou aparecendo e, com muitas dificuldades para falar,
apresentou a palestra sobre a filosofia da História do Olavo,
que parte da pergunta "quem é o sujeito da História?".
Ora, estão sempre contando a história, mas nunca se
definiu claramente a história de quem. Para ser sujeito de
qualquer ação, é preciso que o ente preencha as
seguintes condições: unidade substancial, unidade
autoral e unidade subjetiva. Basta observar isso para notar que a
história não pode ser história das classes
sociais, porque estas não têm unidade autoral, nem das
raças, nem das nações, pelo mesmo motivo.
De quem, então, é a história? Disse Marcelo,
resumindo o Olavo: "o sujeito da ação histórica
deve, ao mesmo tempo, transcender a duração da vida
individual e ter unidade substancial, autoral e subjetiva."
Não vou continuar a demonstração do Olavo,
exposta pelo Marcelo, porque isso requereria que eu entrasse em
inúmeras questões sobre ação
histórica, mas vou dizer apenas que é possível
ver o método decorrente dessa filosofia em ação
no Jardim das Aflições, que usa a idéia
do "império" como chave explicativa para a história da
cultura nos últimos dois milênios, e desenvolve essa
idéia mostrando a ação dos diversos sujeitos
históricos.
O Congresso terminou aí, e foi um grande sucesso. Tanto que o
próximo já está sendo organizado.
II. Anotações de Olavo de Carvalho
Feitas durante as palestras e projetadas na tela.
1. Inteligência, verdade e certeza
Ronaldo Castro de Lima Jr.
- Preâmbulo iniciático
- Evidência
-
Verdade não é quantidade, é
qualidade
- Parcial não quer dizer falso
-
Função sintética do intelecto
-
Virtude dianoética conhecimento dos
princípios
- Devolver a cicuta aos atenienses
-
Integridade do conhecimento e do sujeito
- Moral, admissão da verdade
-
Verdade como domínio, âmbito, a um tempo,
do inteligir e do ser (viver)
-
Intimidade do sujeito consigo próprio
-
Tensão necessária a conhecer a verdade
- Amor e magia
-
Inteligir e integridade coincidência entre
estrutura do sujeito e do mundo
-
O texto é um guia para o iniciante.
-
Conhecimento não é mero processo formal
-
Dizer as coisas como são. O ser é medida da
verdade. Logo, a verdade é uma dimensão do
ser.
- Bondade e inteligência.
Observações dos ouvintes
MARCELO DE POLLI
O ambiente acadêmico e as condições existenciais
do conhecimento da verdade.
LUCIANO SALDANHA COELHO
O problema da verdade e a verdade do problema (v.
exposição Fernando Manso).
NELSON LEHMAN DA SILVA
Pressupostos. Comunicação. A verdade é
comunicável?
VERA MÁRCIA
Comunicação superior-inferior num ambiente "inferior".
Função do "inferior". Esoterismo e exoterismo.
ROMEU CARDOSO
Possibilidade da certeza.
NELSON LEHMAN
Aletheia. Verdade mostrada NA coisa.
2. A Definição da Psique e a
Astrocaracterologia
Lúcia de Fátima Junqueira
Henriette Aparecida da Fonseca
- A DEFINIÇÃO DA PSIQUE
Lúcia de Fátima Junqueira
-
Psicologia, biologia e cosmologia
Aristóteles
-
Definição mais estreita do campo
psicologia experimental séc. XIX
-
Fenômenos psíquicos e ser da psique.
-
A psique individual como tema autônomo
cristianismo.
-
Estudo científico da individualidade Freud e
Klages.
- Quid est?
-
Dois tipos de definições correntes: (a)
aristotélicas (cosmológicas); (b) por
enumeração de fenômenos.
-
Método: hermenêutica do discurso dos
psicólogos.
-
Que outras causas um ato humano pode ter (não
psíquicas)? (a) Físicas; (b) Lógicas; (c)
Acaso. A psique é o 4� tipo de causa.
-
Causa e necessidade física e lógica.
-
Acaso multiplicidade inabarcável e
irreconstituível de causas.
-
Causas psicológicas agem através das outras
três e não diretamente.
-
Psique = zona de indeterminação onde as demais
causas se combinam.
-
Eficiência, liberdade, individualidade, criatividade,
vontade de poder = características da psique.
-
Eficiência proveito do organismo individual.
-
Liberdade combinação de fatores.
Diferença entre liberdade e acaso.
-
Psique é fenômeno da ordem da liberdade e
não da necessidade.
-
Criatividade combinações sui
generis.
-
Individualidade Não há psique em
geral.
-
Vontade de poder expansionismo.
-
Expansão através da retração =
introjetar as causas físicas, lógicas e
acidentais.
-
O homem coere as formas de limitação numa
auto-limitação chamada Ego.
-
Memória abstração e
generalização = imagem do mundo.
-
Organização lógica e cronológica.
Contar a própria história = Ego.
-
Ego = limitação autobiográfica da psique,
segundo cortes moldados nas demais necessidades.
-
Escolhas e perseverança = destino.
-
SEGUNDA PARTE. Caracterologia x psicologia generalizante
-
Unidade singular do sujeito x constantes gerais humanas
-
Caráter = Marca indelével de
nascença.
-
Caracterologias comparadas e astrocaracterologia.
-
Klages Caráter = direções da
atenção, valores e motivações.
-
Captação da individualidade é intuitiva,
não se faz por quadros de
classificação.
- Szondi.
- Le Senne.
-
Caráter como estabilização
progressiva.
-
Jung = abordagem cognitiva do caráter.
-
Astrocaracterologia isolar dos demais o fator
astrológico do caráter.
-
Compatibilidade caracterologias-horóscopo.
-
Hereditário e cultural Isolar.
-
Há algo que não é nem natural nem cultural
= você mesmo.
-
Isso é o caráter em astrocaracterologia.
-
As posições planetárias têm algo a
ver com o caráter mas não o produzem; apenas
delimitam as possibilidades que o compõem.
- Causa formal e eficiente.
-
Caráter = condição formal da
individualidade.
-
Investigação fenomenológica e não
causal.
- O "que" antes do "por que".
-
Caráter fronteira entre o psíquico e o
pré-psíquico.
-
Critérios para a comparação entre os
horócopos e os elementos fixos da personalidade
constatados empiricamente.
-
Horóscopo = figura estática do céu.
Caráter = figura estática da
individualidade.
- Casas astrológicas.
-
Correspondência (não analógica) entre dois
sistemas. Sistema solar : caráter em geral.
Horóscopo : caráter individual.
-
Diferenciação das potência
cognitivas.
-
Intuição (Sol) Sentimento (Lua) Fantasia
(Vênus) Vontade Reativa (Marte) Vontade Pura
(Júpiter) Razão (Saturno).
- Doze casas.
-
Em que medida a comparação é
possível. Dois relatos idênticos, obtidos por
método (a) biográfico-caracterológico; (b)
astrológico.
-
Dois aspectos do estudo da psique segundo OC : estático
(horóscopo-caráter), dinâmico (camadas da
personalidade).
-
Camada : foco temporário da psique.
-
Passagem de camada a outra, por absorção
gênero e espécie.
- Doze camadas.
-
Traços de caráter mudam de valor conforme a
camada. 12 níveis de interpretação.
- Camada I Caráter.
- II - Hereditariedade.
-
III Aprendizado, ambiente cultural e social.
-
IV História pessoal afetiva, valores
individualizados pela experiência.
-
V Espaço Vital (Kurt Lewin).
-
VI Habilidade, domínio obtido pela
autolimitação do espaço vital. Resultados,
efetividade. Distribuição racional de
energias.
-
VII Papel social. Expectativas ante o outro.
Reciprocidade.
-
VIII Forma estabilizada da personalidade.
Auto-avaliação ( = "caráter" segundo Le
Senne).
-
IX Personalidade intelectual. Fins transpessoais.
Autonomia da cobrança interior.
-
X Eu transcendental. Dever universalmente humano
encarnado na individualidade. Certeza.
-
XI Responsabilidade histórica. Ser julgado pela
humanidade. Fins históricos.
-
XII Responsabilidade perante o sentido da vida.
Juízo Final. "Caminhar diante de Deus".
-
Pesquisa científica em astrocaracterologia.
2. O TRAUMA DE EMERGÊNCIA DA RAZÃO - Henriette Aparecida da Fonseca
- Barreira ao conhecimento intuitivo.
-
Tripla intuição ( OBS Depois eu
explico).
-
Potência cognitiva - faculdade cognitiva
-
Trauma da emergência da razão
- Faculdade não é camada
- Psicopatologia
-
Ciclos de Saturno : história do quadro racional
pessoal
-
Busca da certeza a partir da experiência acumulada, por
sínteses parciais temporárias.
-
Experiência fragmentária x natureza totalizante da
razão.
- O não-saber.
-
Trauma antropológico: a conquista do domínio
racional pelas sínteses parciais.
-
Casa astrológica com Saturno: dado básico pelo
qual o indivíduo começa a
estruturação racional do seu cosmos.
3. A teoria dos quatro discursos
Alexandre Bastos
T4D como alternativa a teorias correntes
-
Nova compreensão do aristotelismo
- Nova pedagogia
- Modelo de teoria histórica
- "Duas culturas" (C. P. Snow)
- "Dois hemisférios"
-
Dupla via de demonstração: filologia e
reconstrução ideal analítica
-
História da filosofia: luta contra a entropia
-
Dissolução da organicidade dos sistemas em
"teses" isoladas conflitantes.
-
Método genético de Aristóteles
-
Werner Jaeger - contestação da unidade
lógica do sistema
-
"Dois sistemas" de Aristóteles: do platonismo ao
empirismo
- Pierre Aubenque
-
Contestações a Jaeger e Aubenque
-
Racionalismo x empirismo desmembramentos do
aristotelismo
- "Intelectualismo"
-
Aquisição x validação do
conhecimento
-
Experiência sensível x lógica
-
Sensibilidade memória fantasia
(imaginação & memória) esquema
fático esquema eidético (Mário
Ferreira e Jean Piaget)
- Fantasia espécie
-
Hugo de S. Vítor: imaginatio mediatrix
-
Falta a "lógica da imaginação" no sistema
aristotélico
-
Andrônico de Rodes estruturação das
obras de Aristóteles
-
Critério de Andrônico : ordem das ciências =
ordem dos textos.
-
Ciências teoréticas, práticas e
técnicas
-
Retórica e poética: ciências
técnicas?
-
Motivos para inserir a Poética e a Retórica no
Organon.
-
A mesma ciência pode ter um aspecto teorético,
prático e técnico. Ex.: a dialética.
-
Redescoberta da Poética no Renascimento
-
Renascimento: fim do aristotelismo nas ciências ou
começo do aristotelismo nas artes?
-
Separação entre a elite acadêmica e os
artistas na Idade Média.
-
Solmsen: a analítica supera a dialética.
(?)
-
Desinteresse dos filósofos pela Poética
aristotélica a partir do Renascimento.
-
Retomada dos estudos aristotélicos no séc. XIX:
Boutroux Brentano neo-escolástica.
- A retórica segundo Boutroux.
-
Avicena e Sto. Tomás: 4 discursos.
-
Duas direções da lógica: identidade e
não-contradição (categorias e
silogística).
-
Progressiva independência da silogística
até o século XX.
-
Formalismo. Perda da conexão
lógica-ontologia.
-
Inexistência de uma hierarquia de valor entre os 4
discursos.
-
Eric Weil: a dialética É o método
científico em Aristóteles.
-
Escola de Port-Royal: a lógica como "arte de
pensar".
-
Analítica: coerência intrínseca do pensado
(não do pensar).
-
Diferença de funções e não de
valores.
-
Modelo da ciência platônica: a geometria.
-
Evidência (sem contradição unívoca).
-
"Sócrates é mortal" não é
evidência intuitiva.
- Evidência e prova.
-
Nexo evidência-prova. Transmissão da
evidência ao interior da prova.
- Evidência do nexo.
- Idéia pura de ciência.
-
Dialética: busca da evidência; analítica:
transmissão da evidência ao interior da
prova.
-
Dialética: logica inventionis (lógica da
descoberta).
- Descoberta dos princípios.
-
Analítica parte das certezas; a dialética parte
dos problemas.
-
A analítica é inútil sem a
dialética (Weil).
-
Dialética: sucessão de percepções
intuitivas das contradições até à
percepção dos princípios
subentendidos.
-
Suporte simbólico e ritual da metafísica.
-
Chaim Perelman nova retórica.
-
Confusão dialética-retórica em
Perelman.
- Retórico e retor.
-
Retórica como técnica e como teoria. Abandono da
teoria retórica desde o Renascimento.
-
Filosofia x retórica (Perelman).
-
Retórica: fornecedora dos problemas.
-
Conflito de opiniões = pressuposto da
dialética.
-
Dialética: compreensão profunda do discurso
retórico.
-
Valor filosófico da Poética. Conhecimento do
possível.
- Graus de credibilidade.
-
Verossimilhança: estabilização do
possível.
-
Forçosidade e credibilidade a forçosidade
(lógica) é inversamente proporcional à
credibilidade (psicológica).
- Atualizar em imagens os conceitos.
-
Prova analítica da necessidade de 4 discursos a partir
do conceito de discurso.
-
Intuição e discurso Unidade e
proporcionalidade
-
Teoria do discurso e teoria dos gêneros subentendem uma
teoria da ação.
AMÍLCAR ROSA
Imaginário, escolha e passagem entre camadas da
personalidade.
4. Os gêneros literários
Pedro Sette Câmara
-
Status quaestionis
-
Épico, lírico e dramático.
-
Tentativa de classificar os gêneros pelo
conteúdo.
-
Falta de correspondência entre as obras e seus supostos
gêneros.
-
Fracasso das classificações
empíricas.
-
Os gêneros são esquemas de possibilidades.
-
Wellek & Warren: teoria institucional.
-
Condições da existência corporal: tempo,
espaço e número.
-
Do número decorrem o verso e a prosa: descontinuidade e
continuidade.
-
Raios e círculos. Seu simbolismo direto e inverso.
-
Denotação e conotação. Falsa
distinção de prosa e verso. Seria preciso cruzar
esse critério com o de continuidade e descontinuidade
para tornar possível uma
classificação.
-
Narrativo. Tempo contínuo e
descontínuo.
-
Triplo tempo. Eternidade, perenidade e temporalidade.
-
Eternidade Imperativo (amr)
-
Perenidade (aoristos). Tempo das parábolas.
Possibilidades reatualizáveis.
-
Narrativa contínua e descontínua
ficção e história repetível e
irrepetível.
5. Ética
Álvaro Velloso de Carvalho
Filosofia moral não é disciplina independente
-
Éticas sociais e filosofia moral
-
Organismo e organização
-
Demanda moral do indivíduo e da coletividade
-
Busca de princípios universais
-
Universalidade não é obrigatoriedade geral
prática; é apenas validade teórica.
-
Dos princípios decorrem os critérios para o
julgamento das éticas sociais historicamente
existentes.
- Moral e tipologia das condutas.
- Identidade do agente
-
Conduta socialmente condicionada e julgamento individual
autônomo.
-
O sujeito cartesiano ou lógico não é o
sujeito da ação moral.
-
Caráter abstrato do ego cartesiano.
-
Abstração da memória é
impossível.
-
Memória, continuidade, sujeito, ego.
-
Memória é pessoal e intransferível.
- Autoria.
-
O princípio de autoria é constitutivo do sujeito.
-
Transformações involuntárias podem
aumentar os meios de ação voluntária.
-
Absorção progressiva da responsabilidade
imputada, na medida da ampliação mesma dos meios
de ação.
-
Absorção da responsabilidade pelas
ações meramente possíveis.
-
Autoconsciência não é natural nem cultural.
É possibilidade inerente à natureza e aos
papéis sociais, atualizada pelo princípio de
autoria.
-
A identidade não pode provir da absorção
de papéis sociais, porque esta absorção
pressupõe o auto-reconhecimento.
-
Fazer e padecer. Sujeito e objeto. Dualidade de
funções inerente à consciência
individual.
-
Mundo de recordações pessoais orbe de
responsabilidade.
-
Princípios de autoria e de absorção da
responsabilidade imputada = mandamentos 1 e 2.
-
São decorrências da unidade do real.
-
Princípio de autoria está na base da
distinção entre real e imaginário. O real
só existe para quem sabe que é autor de seus
atos.
-
A objetividade do conhecimento é função da
liberdade moral que aceita o princípio de autoria.
-
Conhecimento objetivo e sinceridade.
-
Responsabilidade pelos atos interiores.
-
O primeiro princípio cognitivo é o primeiro
princípio moral.
-
O fundamento da moral é o mesmo fundamento do
conhecimento em geral.
-
Conhecimento por admissão: reconhecimento da
impossibilidade da dúvida radical.
-
Honestidade intelectual: não fingir que sabe o que
não sabe nem que não sabe o que sabe.
-
Não há diferença efetiva entre
juízos de realidade e juízos de valor.
-
Resposta à objeção kantiana de que esses
princípios são formais.
-
A unidade do sujeito não é um preceito formal,
mas um bem real, visado pelos atos do sujeito.
-
Ampliação do círculo de responsabilidade =
decorrência do princípio de autoria.
-
Responsabilidade e autopreservação.
-
Repressão da consciência moral
(rejeição da culpa) vai contra a integridade do
sujeito. É, já, a morte.
-
Doença psíquica consiste apenas em
diminuição da esfera da psique, isto
é, em absorção dela pelas demais 3
causas.
-
Absorção da responsabilidade = caminho do bem =
caminho da saúde mental.
-
Abdicação da liberdade abstrata (sartreana) =
conquista da liberdade concreta.
- Metanóia.
-
"Viver sem culpas" é a mãe.
-
Aceitação do estreitamento das possibilidades =
aceitação da morte = aceitação da
vida.
6. Natureza e formas do poder
Luciano Saldanha Coelho
-
Domínios ontológicos irredutíveis
- Produzir, destruir e orientar-se
-
Objetos do poder: objetos materiais, corpo humano,
idéias e crenças.
-
Dieta = assembléia dos produtores (e
trabalhadores)
-
Império = nobreza de toga e nobreza de espada.
-
Igreja = cultura e tradição.
-
Dois aspectos em cada poder. Ativo e passivo.
-
Polo ativo unidade e concentração do
poder.
-
Polo passivo multiplicidade e divisão.
-
Dieta: polo ativo = produtores, homens ricos
(concentração da riqueza); polo passivo =
trabalhadores (divisão da riqueza)
-
Império: polo ativo = milícia, casta armada; polo
passivo = justiça (distribuição).
-
Igreja: polo ativo = cultura (concentração do
saber); polo passivo = tradição
(distribuição, equalização das
crenças).
-
O poder segundo B. Russel. Conceito nuclear das ciências
sociais = todas as proposições gerais podem ser
reduzidas a proposições sobre o poder.
-
Erro de Russel : deduzir diretamente proposições
particulares, antes de ter o arcabouço teórico
geral.
-
Exigências do conceito nuclear. (1) geral; (2)
determinado; (3) adequado.
-
"Poder divino" não é poder no sentido desta
ciência.
-
Que é o poder (no sentido humano)?
-
Poder = possibilidade concreta de ação.
-
Ação = transformação deliberada de
um estado de coisas. (Conservação deliberada
é também transformação, neste
sentido).
-
Ação no sentido estrito (político) =
determinar voluntariamente as ações de outrem.
Produzir obediência.
-
Tipos de poder vêm das motivações objetivas
da obediência. 1 Força física. 2
Dinheiro (riqueza). 3 Carisma.
-
Lugar do poder. Só a força física
"está" no seu portador.
-
Só o poder carismático implica obediência
automática.
-
Quanto menos o poder "está" no portador, maior é
esse poder.
- Modos do poder (...)
-
Força física: gerativa, operativa, curativa,
destrutiva, coadjuvante (atua sobre a
imaginação).
-
Dinheiro. Força delegada por uma ordem pública.
-
Poder carismático delegado pelos
seguidores.
-
Castas Tipologia independente da estrutura social
historicamente existente.
-
Clero governantes produtores
braçais.
-
Castas e classes distinção.
-
Classes distinção econômica, isto
é, feita segundo o ponto de vista da casta
produtora.
-
Ex.: Lula proletário ou governante? É um
membro da casta governante, oriundo da
classe proletária.
-
O poder está sempre na casta sacerdotal e na governante,
independentemente da estrutura econômica vigente.
-
Uma classe não pode "tomar o poder" no sentido estrito.
Forma-se apenas uma nova casta sacerdotal, que forma uma nova
casta governante.
-
Máfia é casta governante (armada).
-
Casta sacerdotal ex.: profetas e fundadores de
religiões; místicos, mestres, etc.;
filósofos e ideólogos, "intelectuais"; escritores
e artistas; jornalistas, publicitários etc. ; show
business; beautiful people.
-
Constante de Jouvenel: concentração progressiva
do poder. Constante de Ellsworth Huntington:
aproximação progressiva. Constante de Malthus:
crescimento da população. Constante de OC:
apropriação dos meios de ação
naturais.
-
Corolário da constante de Jouvenel: expansão dos
direitos é expansão do poder.
-
Expansão da profissão científica produz
concentração do poder.
-
Planejamento estatal da cultura. Preparação do
ambiente psicológico para a introdução das
mudanças tecno-científicas.
-
Iron Mountain Report. Crise ecológica como
substituto do nazismo e do comunismo no papel de inimigo.
-
Mutação planejada do sentido dos símbolos
naturais.
- Controle externo da psique.
-
Ruptura entre camadas profundas e superficiais da psique.
-
Política = interface entre as nobrezas.
-
A política é a continuação da
guerra por outros meios (inverso de Clausewitz). Política
é a disputa não violenta dos meios de
violência.
-
Divisão dos poderes de Locke & Montesquieu é
puramente normativa e abrange somente divisões internas
do Estado. Os três são eminentemente
absorvíveis uns pelos outros, exceto no que diz respeito
à absorção do judiciário pelo
executivo.
-
Distinção entre essa divisão e a
divisão das castas.
- Estado, economia e cultura.
-
Cultura no Brasil = instrumento da economia ou do Estado.
7. Tipos espirituais e castas
Paulo Mello
Não fiz anotações durante esta palestra,
improvisada e excelente. - O. de C.
8. O sujeito da História
Marcelo De Polli
-
Condições do sujeito da ação:
Unidade substancial, unidade autoral, unidade subjetiva
-
Horizonte de consciência (a) contemplativa; (b)
decisória. Limites do raio de ação.
-
O indivíduo tem possibilidade de ação
histórica até certo ponto, dependendo de seu
horizonte de consciência decisória.
-
Raça não pode ser sujeito da ação
histórica, pois não tem unidade autoral.
-
Classe, nação, cultura, etc. Idem.
-
O sujeito da ação histórica deve, ao mesmo tempo, transcender a duração da vida
individual e ter unidade substancial, autoral e subjetiva.
-
Entidades que atendem a esse requisito: tradições
espirituais; organizações esotéricas e
sociedades secretas; dinastias reais e
nobiliárquicas.
-
O rito imprime no fundo da imaginação um novo
conjunto de símbolos que delimita as possibilidades de
concepção e ação.
-
As entidades que podem ser sujeitos da história
têm mecanismos rituais de auto-reprodução
que asseguram sua unidade e continuidade.
-
Atuação dessas entidades não é
política, é espiritual e simbólica.
-
Castas não são sujeitos da história.
-
Unidade do Império romano é dada pela
religião romana; a troca de religião dissolve o
Estado.
-
Maçonaria na Revolução Francesa
todos eram maçons: o Rei, os nobres, os
revolucionários.
-
Personagens do drama histórico atual: Império
leigo maçônico (EUA); tradições
(judaica, islâmica, cristã); dinastias
européias.
-
Missão unificadora auto-atribuída pelo
Império americano.
-
Importância do elemento secreto na história
moderna.
- Estado laico.
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