Sapientiam Autem Non Vincit Malitia - Foto da águia: Donald Mathis Mande um e-mail para o Olavo Links Textos Informações Página principal

 

 

O homem que est� polemizando o Brasil

 

Este editorial e o artigo do prof. C�ndido Prunes que o segue foram publicados no Informativo do Instituto Liberal do Rio Grande do Sul, Ano VI , Setembro de 2000. O homenageado agradece, profundamente comovido, mas protesta com veem�ncia contra a afirmativa de que � fluente em meia d�zia de idiomas: ele � gago por igual em todos eles. - O. de C.

 

Olavo de Carvalho n�o � daqueles pensadores que vivem dependurados na m�dia para exercitar a musculatura do seu ego. Praticamente foi intimado pelo amigo e poeta Bruno Tolentino a polemizar o besteirol letrado em voga na imprensa brasileira. Agora que est� assinando periodicamente colunas em publica��es nacionais (al�m da mensal no Jornal da Tarde, as semanais em O Globo e na revista �poca), parece que o Brasil finalmente come�ar� a reconhecer o seu mais pol�mico e culto pensador. Para os seus amigos e admiradores, o site (www.olavodecarvalho.org) que ele mant�m atualizado na internet j� era uma refer�ncia obrigat�ria. Quem quiser se vacinar contra o festival de asneiras que assola o pa�s em todas as dire��es, encontra ali v�rias op��es para se imunizar contra as id�ias viciadas. Dos debates pontuais (desarmamento da popula��o, educa��o, os sem-terra, aborto, etc.), passando pelos textos de apresenta��o da cole��o Biblioteca de Filosofia (“A cole��o se inspira na id�ia de sacudir um pouco a letargia mental dos nossos meios universit�rios, cujo card�pio de leituras � muito repetitivo”, diz), pelos filmes que mais admira, Olavo de Carvalho � um exemplo cada vez mais raro do que assinala a frase de Nelson Rodrigues: “� um cont�nuo de si mesmo”. Este � mais um achado de outro amigo e parceiro em pol�micas, o advogado C�ndido Prunes, que afirma: “Olavo de Carvalho � plural. Olavo � Olavos de Carvalho”.

De fato, se fosse unicamente para atender o seu maior prazer intelectual, ficaria sossegado no seu canto estudando e exercendo a atividade que mais gosta: ensinar filosofia com bom humor, ou seja, ensinar a quem gosta de pensar sem cartilhas. Mas a nossa aliena��o cultural, ambientada por modas e paix�es, que a impedem de enxergar as coisas mais �bvias, fizeram que ele levantasse a suspeita de que algo no c�rebro nacional n�o ia bem. Da� saltou a sua veia de polemista n�mero um do pa�s.

Em uma entrevista � revista Rep�blica, em fevereiro deste ano, Olavo de Carvalho rejeita, no entanto, o papel de l�der do que quer que seja: “Eu defendo uma id�ia n�o porque ela seja de direita ou de esquerda, mas porque parece coincidir com a realidade do momento. Eu n�o tenho nenhuma pretens�o de chefiar movimento. Se o Brasil quiser um ide�logo, que v� procurar outro”, alerta.

De uma vez por todas longe da universidade, Olavo de Carvalho apenas pretende continuar a escrever seus livros, que j� ultrapassam uma dezena, nos quais cinema e filosofia de primeira qualidade podem conviver t�o bem para o espanto cada vez maior de seus leitores e alunos. “N�o reclamo, n�o saio por a� gritando que professor deveria ganhar mais. Levo a vida que escolhi, fa�o o que gosto. N�o vejo por que deva responsabilizar os outros por minhas op��es. Se eu quisesse ficar rico, deveria ter escolhido outra profiss�o”.

 

Todos os Olavos de Carvalho

C�ndido Prunes
Doutor em Direito Econ�mico

 

A obra e o estilo de Olavo de Carvalho s�o �nicos no cen�rio intelectual brasileiro. Professor, jornalista, escritor e, principalmente, polemista, ele tem contribu�do para o debate de id�ias mais do que qualquer pessoa. Na verdade chegamos quase a estar convencidos de que n�o existe apenas um, mas sim v�rios Olavos de Carvalho.

Ora o vemos engajado em acirrada pol�mica com os hierarcas da Igreja da liberta��o, esgrimindo argumentos teol�gicos que revelam um conhecimento profundo da Filosofia crist�. Ora o mesmo Olavo v�-se no meio da discuss�o sobre reforma agr�ria, redarg�indo com igual habilidade as fal�cias sobre a qual repousa a ret�rica dos sem-terra. Ora Olavo v�-se �s voltas com juristas e criminalistas, apresentando as verdadeiras ra�zes da criminalidade brasileira. Ora recebemos a not�cia de que � um festejado escritor no mundo �rabe, autor de uma interpreta��o do Alcor�o. Num mesmo dia pode-se tamb�m ler um profundo ensaio sobre semi�tica publicado em alguma revista especializada, ou um artigo de jornal bem humorado outorgando o j� consagrado pr�mio “Imbecil Coletivo” a alguma figura do universo intelectual brasileiro tido acima do bem e do mal. O mesmo Olavo pode defender com sua pena tanto uma grande causa nacional, como um simples aluno do primeiro ano v�tima do patrulhamento ideol�gico vesgo de alguma reitoria atrabili�ria e acovardada pelo rosnar hist�rico de estudantes de uma gauche saudosista. Poliglota, � fluente do franc�s ao romeno; do italiano ao �rabe, do ingl�s ao latim. O leitor que for a uma livraria tamb�m vai constatar a impressionante produ��o intelectual dos Olavos de Carvalho: livros de filosofia (Arist�teles em Nova Perspectiva, O Jardim das Afli��es, O Futuro do Pensamento Brasileiro); tradu��es anotadas (Como Vencer um Debate Sem Precisar Ter Raz�o, de Schopenhauer); pol�micas not�veis com a intelectualidade tupiniquim (O Imbecil Coletivo, fen�meno editorial brasileiro, com v�rias edi��es esgotadas, ignorado pela grande imprensa); organiza��o de colet�neas, apresentando grandes intelectuais que efetivamente contribu�ram para o avan�o das id�ias no Brasil (Ensaios Reunidos de Otto Maria Carpeaux, cujo texto de apresenta��o � antol�gico) e por a� segue: uma obra de dimens�es �nicas.

Mas a atividade mais impressionante dos Olavos de Carvalho n�o � com a pena muitas vezes (com raz�o e humor) inclemente com os impostores. Quem j� teve a oportunidade de ser seu aluno, p�de descortinar um outro universo filos�fico: clareza de pensamento; racioc�nio cr�tico; l�gica implac�vel. Esses atributos tornaram os Olavos de Carvalho inaceit�veis para uma boa parte da mediocridade acad�mica, jornal�stica e intelectual brasileira. Expondo os erros (quando n�o o rid�culo) de sua forma de pensar, os diversos Olavos de Carvalho s�o pessoal e atabalhoadamente atacados pelos que vestem a carapu�a, ou s�o simplesmente ignorados por aqueles que poderiam com eles aprender muita coisa.

Como se todas essas virtudes n�o fossem suficientes, todos os Olavos de Carvalho s�o singularmente corajosos.