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Recolocando em circula��o informa��es essenciais

Pref�cio a A Face Oculta da Estrela, de Adolpho J. de Paula Couto

Olavo de Carvalho

 

Um dos itens essenciais do card�pio gramsciano que hoje regula a dieta mental brasileira � o controle das informa��es, com a supress�o de todas aquelas que possam trazer dano ao projeto revolucion�rio comunista. Foi preciso quarenta anos de "ocupa��o de espa�os" (termo t�cnico gramsciano) nos jornais, nas editoras e nas institui��es culturais em geral para obter esse efeito, que hoje pode se considerar satisfatoriamente conquistado. Not�cias, livros e id�ias inconvenientes foram t�o eficazmente retirados do mercado, que a simples hip�tese de que possam existir j� desapareceu da imagina��o popular. Se mencionamos, por exemplo, a agress�o comunista que desencadeou o conflito do Vietn�, ningu�m sabe do que estamos falando, pois a mentira tola de que os EUA come�aram a guerra j� fincou ra�zes na opini�o p�blica como um dogma inabal�vel. Se falamos de "estrat�gia revolucion�ria", todos arregalam os olhos, porque est�o certos de que isso n�o existe. Se aludimos aos planos em avan�ado estado de realiza��o para restaurar no Am�rica Latina o imp�rio comunista que se perdeu no Leste Europeu, somos imediatamente rotulados de fantasistas e paran�icos, embora esse objetivo tenha sido proclamado aos quatro ventos por Fidel Castro no Foro de S�o Paulo.

Claro: todas as informa��es que dariam credibilidade �s nossas palavras foram suprimidas da imprensa, das livrarias, da mem�ria nacional enfim. At� das escolas militares foi suprimida a disciplina de "Guerra revolucion�ria" cujo estudo fazia da classe fardada o �ltimo reduto de uma consci�ncia alerta contra o avan�o comunista.

Dezenas e dezenas de livros publicados na �ltima d�cada sobre as novas estrat�gias da revolu��o comunista foram colocados fora do alcance da popula��o brasileira por um eficiente cordon sanitaire em torno do mercado editorial e da imprensa cultural, hoje reduzidos quase que por completo � condi��o de instrumentos auxiliares da estrat�gia de domina��o esquerdista. Roendo pelas bordas, contornando o enfrentamento direto, evitando a prega��o expl�cita, essa estrat�gia conseguiu t�o completamente dominar as consci�ncias, que muitos, nos meios jornal�sticos e culturais, repetem os slogans da moda sem ter a menor id�ia de que s�o palavras-de-ordem comunistas.

H�, � claro, os colaboradores conscientes. Mais que conscientes: profissionais. A CUT, o PT, o MST t�m em sua folha de pagamento milhares de profissionais das comunica��es. � um ex�rcito de rep�rteres e redatores maior que o da Globo, da Abril, da Folha e do Estad�o somados. Eles bastariam para fazer daquelas organiza��es esquerdistas as maiores ind�strias jornal�sticas e editoriais do pa�s. Mas o fato � que eles n�o s�o pagos para escrever: s�o pagos para n�o escrever. S�o pagos para "ocupar espa�os" nas editoras de jornais, livros e revistas, bloqueando por sua simples presen�a as palavras inconvenientes e espalhando, por sua simples conversa��o di�ria, as palavras convenientes. Mesmo nessa elite ativista, poucos t�m a consci�ncia de que sua fun��o � de censores e manipuladores. Tal � a sutileza do gramscismo, que sempre conta com o efeito do impl�cito e n�o-declarado. N�o � preciso nem mesmo dizer a esses profissionais o que fazer: imbu�dos das convic��es desejadas, colocados nas posi��es decisivas, eles ir�o sempre na dire��o esperada, como �gua no ralo. Os outros, ent�o, ao repetir o que eles dizem, n�o ter�o a menor id�ia do projeto global com o qual est�o colaborando. T�o autom�tico e impensado � esse mecanismo, que um dos maiores especialistas em manipula��o de intelectuais no mundo sovi�tico, Willi M�nzenberg, o chamava "cria��o de coelhos": para come�ar, basta um casal. O resto vem por for�a da natureza. Mas o que se plantou nas reda��es, com dinheiro ali�s recebido do exterior, n�o foi um casal de coelhos: foram alguns milhares de casais. O efeito multiplicador � irresist�vel.

Hoje, na seguran�a, na desenvoltura pomposa e arrogante com que pessoas que ignoram tudo do assunto nos asseguram que o comunismo � coisa do passado ao mesmo tempo que repetem servilmente slogans comunistas sem saber que s�o slogans comunistas, reside a melhor garantia de que os planos anunciados por Fidel Castro no Foro de S�o Paulo ser�o realizados com a cumplicidade sonsa de milh�es de imbecis tranq�ilos e auto-satisfeitos.

Nada mais urgente do que recolocar em circula��o as informa��es suprimidas. S� isso poder� restaurar a possibilidade de um debate realista sobre temas que hoje est�o entregues � imagina��o banal de palpiteiros ignorantes e � engenharia consensual dos estrategistas que os manipulam.

Na reconquista dessa possibilidade, este livro est� destinado a tornar-se um marco memor�vel. Aqui, pela primeira vez, re�ne-se uma documenta��o suficientemente ampla para demonstrar o car�ter ineludivelmente comunista, revolucion�rio e conspirador de uma organiza��o que, aos olhos dos desinformados, passa ainda como a encarna��o por excel�ncia de uma esquerda renovada, democr�tica, purificada de toda contamina��o com o passado totalit�rio.

A coragem, a paci�ncia e a determina��o com que seu autor, Adolpho J. de Paula Couto, reuniu e ordenou estas provas fulminantes da perf�dia esquerdista far�o dele, para sempre, alvo do �dio dos atuais senhores da moral. Creio que nada de mais honroso se poderia dizer de um homem de bem.

S�o Paulo, 15 de maio de 2001

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Adolpho J. de Paula Couto, A Face Oculta da Estrela, Gente das Letras, Porto Alegre. Telefone do autor: 051 225-6588.