O sr. Marques em quatro poses
Olavo de Carvalho
Numa pe�azinha difamat�ria que redigiu ou mandou redigir contra mim, o secret�rio adjunto da Cultura, Luiz Marques, me chamou de servi�al do neoliberalismo, buf�o do jornalismo sensacionalista e pseudofil�sofo. Com cada um desses insultos ele se autodenuncia. O primeiro revela sua completa ignor�ncia sobre a pessoa de quem fala, pois dois dias antes de sair seu artigo apareci na RBS dizendo contra o neoliberalismo coisas que nem ele nem ningu�m no seu partido teria jamais a coragem de dizer. E n�o a teria por um motivo muito simples: metade do programa da esquerda brasileira - quotas raciais, casamentos gays, desarmamento civil, etc. - � traslado fiel e servil das leis que a Nova Ordem Mundial imp�e aos pa�ses do Leste Europeu como condi��o para lhes dar ajuda econ�mica. A neoburocracia global paga a entidades como o PT para que lhe movam uma falsa oposi��o ante popula��es desinformadas, do outro lado do mundo, criticando-a em detalhes econ�micos para melhor servi-la no todo, ludibriando a opini�o p�blica. Quem �, pois, o servi�al? � o Olavo de Carvalho ou � o PT quem embolsa as verbas das Funda��es Ford e Rockefeller, da CEE e de outros organismos internacionais? �O segundo insulto n�o se dirige a mim, mas � "Zero Hora". O sr. Marques tem a suprema in�pcia de chamar "sensacionalista" ao pr�prio �rg�o de imprensa que estampa seu artigo. E depois n�o quer que a gente diga que � burro. �Por fim, ele me diz "pseudofil�sofo". Ser� que ele imagina mesmo que seu julgamento vale alguma coisa, nesses dom�nios? Ser� ele t�o bobo ao ponto de se crer habilitado a discernir, com sua culturinha de bolso, quem � e quem n�o � fil�sofo? Ser� mesmo que me imagina disposto a discutir minhas qualifica��es de fil�sofo com um sujeito cuja �nica realiza��o no campo da cultura � fazer tocar no r�dio umas can��ezinhas assassinas (assassinas da est�tica e assassinas no seu apelo ao mortic�nio revolucion�rio)? Ora, sr. Marques! Da cultura universal, tudo o que o senhor conseguiu pegar foi uma secretaria adjunta. Pois ent�o, sr. secret�rio, v� secretariar, v� atender telefones, v� bater carimbo, que s�o coisas mais � altura da sua cultura filos�fica, e n�o se meta em assunto de gente grande, est� bem? E cuidado para n�o errar o lado do carimbo, acertando a pr�pria testa como fez com o r�tulo de "neoliberal". Mas o sr. Marques ainda coloca no seu artigo um quarto detalhe, bem curioso. Ele diz surpreender-se de que algu�m possa ser liberal sem enrubescer. J� a mim n�o me surpreende que o sr. Luiz Marques, ou qualquer outro como ele, seja socialista sem enrubescer. N�o me surpreende que socialistas fa�am o que quer que seja sem enrubescer. N�o me surpreende que matem cem milh�es de pessoas sem enrubescer. N�o me surpreende que reduzam um quinto da popula��o da terra ao trabalho escravo sem enrubescer. N�o me surpreende que, depois de revelados todos os crimes hediondos que durante d�cadas buscaram ocultar, ainda se apresentem em p�blico, sem enrubescer, dizendo que foi tudo um ligeiro equ�voco, que v�o come�ar outra vez e que agora a coisa vai ser uma beleza. Muito me surpreenderia � que enrubescessem. �Pudor, consci�ncia moral, arrependimento jamais foram o forte dessa ideologia, que se especializou em primeiro matar, depois caluniar a v�tima e por fim parasitar o prest�gio dela, apresentando-se como sua mais velha e leal amiga. O sr. Ol�vio Dutra, por exemplo, proclama que socialismo e cristianismo s�o amic�ssimos, s�o carne e unha, s�o quase a mesma coisa. Pois n�o � incr�vel? Como foi que os inventores do socialismo nunca se deram conta disso? "Expulsar Deus!", exclamou Marx. "Varrer o cristianismo da face da Terra", ordenou L�nin. "A Igreja Cat�lica � o inimigo n�mero um", assegurou Gramsci. E n�o ficaram nas palavras: na mais modesta das contagens, os socialistas mataram trinta milh�es de crist�os, nas ondas de persegui��o religiosa que acompanharam as revolu��es francesa, mexicana, russa, espanhola e cubana. N�o � incr�vel que trucidassem tanta gente, pensando liquidar inimigos, s� porque Ol�vio Dutra n�o estava l� para avis�-los de que socialismo e cristianismo eram a mesma coisa? Se ele avisasse, � verdade, n�o teriam acreditado, porque Cristo dissera que ser crist�o era morrer por seus amigos, enquanto o socialismo pregava que seus militantes deveriam tornar-se, nas palavras de Che Guevara, "eficientes e frias m�quinas de matar". Mas, depois de dar cabo dos crist�os, o socialismo acabou percebendo o potencial publicit�rio do seu discurso religioso. Como os mortos n�o falam, passou a us�-lo sem que ningu�m protestasse. A� o mundo estava maduro para o advento de Ol�vio Dutra.
|