Declara��o de guerra
Olavo de Carvalho
O f�rum esquerdista no Rio Grande n�o � contra a Nova Ordem Mundial, � contra o Brasil
Quando voc� discute com um comunista, ele exige, antes de tudo, que voc� aceite a premissa de que ele defende os pobres e voc� os ricos. Se voc� a aceita ou, por desaten��o e comodismo, deixa de contest�-la com veem�ncia, ele passa a trat�-lo com toda a delicadeza, porque sabe que aos olhos da plat�ia voc� j� est� liquidado e que quanto mais polido ele for da� por diante mais somar�, ao prest�gio de defensor dos oprimidos, a boa imagem de democrata respeitador do advers�rio moribundo. Se, em vez disso, voc� mexe em alguns pontos doloridos da m� consci�ncia esquerdista � sua alian�a de um s�culo com os tubar�es do monopolismo capitalista, a explora��o maci�a do trabalho escravo para financiar o movimento comunista internacional, a corrup��o de milhares de jornalistas e pol�ticos pelas verbas descomunais da KGB �, a� ele resolve o problema dizendo que voc� partiu para os ataques pessoais, que voc� � um fascista ou que n�o se fazem mais direitistas educados como antigamente. J� sei, portanto, o que v�o me responder quando eu disser que o F�rum Social Mundial, em Porto Alegre, � uma gigantesca mobiliza��o de verbas e for�as estrangeiras para um ataque direto � soberania nacional, disfar�ado em defesa de nossos interesses na arena econ�mica do mundo. Mas nem sempre essa gente responde. O prefeito petista de Porto Alegre, por exemplo, n�o respondeu nada quando meses atr�s, num debate, eu lhe disse que, com toda a sua aparente defesa de nossa integridade territorial, seu partido, se chegar ao poder, n�o somente entregar� a Amaz�nia como ainda poder� ceder mais uns Estados, de quebra, pela simples raz�o de que tudo isso j� foi pago. J� foi pago � esquerda nacional, hoje maci�amente financiada por empresas e ONGs tentaculares a servi�o dos mesmos interesses que ela finge combater. O sil�ncio do prefeito, no entanto, foi menos eloq�ente que as recentes declara��es do vice-governador do Rio Grande, Miguel Rossetto, segundo o qual toda a orat�ria canina que o FSM vai despejar sobre o capitalismo internacional n�o afetar� em nada as boas rela��es do governo do Estado com o Banco Mundial. � evidente: o festival de esquerdismo na capital ga�cha n�o pode arranhar no mais m�nimo que seja os interesses do monopolismo global. Pode apenas destruir por completo o estado de direito no Brasil, criando e legitimando o precedente escandaloso do apoio oficial � prega��o genocida dos narcoterroristas colombianos. Mas esse precedente n�o � o �nico: ao participar despudoradamente da sustenta��o log�stica de um empreendimento de propaganda ideol�gica ostensiva, o governo ga�cho derrubar�, de um s� golpe, a legisla��o eleitoral existente, sob os olhos complacentes do Executivo, do Legislativo e do Judici�rio federais, que, temendo as rea��es da m�dia c�mplice, n�o ousar�o punir a arrogante ilegalidade expl�cita dessa declara��o de guerra revolucion�ria. Apresentar o f�rum como uma alternativa aos debates capitalistas de Davos � apenas um truque publicit�rio, operado com o aux�lio do diretor do jornal Le Monde Diplomatique, Ignacio Ramonet, c�lebre propagandista empenhado em, sob o pretexto de apoio aos nacionalismos, fortalecer o bra�o estatista, centralizador e burocr�tico da Nova Ordem Mundial, em detrimento, definitivo ou provis�rio, de seu bra�o privatista e neoliberal. O f�rum n�o sonha em alterar no que quer que seja a Nova Ordem Mundial. Sonha apenas em mudar o lugar do Brasil dentro dela, transformando-o, de uma pr�spera na��o capitalista apta a disputar uma posi��o de lideran�a, numa Col�mbia devastada e eternamente cabisbaixa.
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