Peço ao leitor a gentileza de examinar brevemente
esta seqüência de fatos:
· Abril
de 2001: o traficante Fernandinho-Beira Mar confessa que
compra e injeta no mercado brasileiro, anualmente,
duzentas toneladas de cocaína das Farc em troca de
armas contrabandeadas do Líbano.
· 7 de
dezembro de 2001: O Foro de São Paulo,
coordenação do movimento comunista
latino-americano, sob a presidência do sr.
Luís Inácio Lula da Silva, lança um
manifesto de apoio incondicional às Farc, no qual
classifica como “terrorismo de Estado” as
ações militares do governo colombiano contra
essa organização.
· 17 de
outubro de 2002: O PT, através do assessor para
assuntos internacionais da campanha eleitoral de Lula,
Giancarlo Summa, afirma em nota oficial que o partido nada
tem a ver com as Farc e que o Foro de São Paulo
é apenas “um foro de debates, e não
uma estrutura de coordenação política
internacional”.
·
1º. de março de 2003: O governo petista
estende oficialmente seu manto de proteção
sobre as Farc, recusando-se a classificá-las como
organização terrorista conforme solicitava o
presidente da Colômbia, Álvaro Uribe.
· 24 de
agosto de 2003: O comandante das Farc, Raul Reyes, informa
que o principal contato da narcoguerrilha no Brasil
é o PT e, dentro dele, Lula, Frei Betto e Emir
Sader.
· 15 de
março de 2005: Estoura o escândalo dos cinco
milhões de dólares das Farc que um agente
dessa organização, o falso padre
Olivério Medina, afirma ter trazido para a campanha
eleitoral do sr. Luís Inácio Lula da Silva.
O assunto é investigado superficialmente e logo
desaparece do noticiário.
· 2 de
julho de 2005: Discursando no 15º. Aniversário
do Foro de São Paulo, o sr. Luís
Inácio Lula da Silva entra em
contradição com a nota de 17 de outubro de
2002, confessando que o Foro é uma entidade
secreta, “construída para que
pudéssemos conversar sem que parecesse e sem que as
pessoas entendessem qualquer interferência
política”, que essa entidade interferiu
ativamente no plebiscito venezuelano e que ali, em
segredo, ele próprio tomou decisões de
governo junto com Chávez, Fidel Castro e outros
líderes esquerdistas, sem dar ciência disto
ao Parlamento ou à opinião
pública.
· 9 de
abril de 2006: o chefe da Delegacia de Entorpecentes da PF
do Rio, Vítor Santos, informa ao jornal O Dia que
“dezoito traficantes da facção
criminosa Comando Vermelho — entre eles pelo menos
um da Favela do Jacarezinho e outro do Morro da Mangueira
— vão periodicamente à fronteira do
Brasil com a Colômbia para comprar cocaína
diretamente com guerrilheiros das Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia (Farc). Os
bandidos são alvo de investigação da
Polícia Federal. Eles ocuparam o espaço que
já foi exclusivo de Luiz Fernando da Costa, o
Fernandinho Beira-Mar”.
· 12 de
maio de 2006: o PCC em São Paulo lança
ataques que espalham o terror entre a
população. Em 27 de dezembro é a vez
do Comando Vermelho fazer o mesmo no Rio de Janeiro.
· 18 de
julho de 2006: o Supremo Tribunal Federal, sob a
pressão de um vasto movimento político
orquestrado pelo PT, concede asilo político ao
falso padre Olivério Medina, agente das Farc.
· 16 de
maio de 2007: o juiz Odilon de Oliveira, de
Ponta-Porã, divulga provas de que as Farc atuam no
território nacional treinando bandidos do PCC e do
Comando Vermelho em técnicas de guerrilha
urbana.
· 12 de
fevereiro de 2007: as Farc fazem os maiores elogios ao PT
por ter salvo da extinção o movimento
comunista latino-americano por meio da
fundação do Foro de São Paulo.
· Agosto
de 2007: Nos vídeos preparatórios ao seu
3º. Congresso, o PT admite que seu objetivo é
eliminar o capitalismo e implantar no Brasil um regime
socialista; e fornece ainda um segundo desmentido à
nota de Giancarlo Summa, ao confessar que o Foro de
São Paulo é “um espaço de
articulação estratégica”
(sic).
· 19 de
setembro de 2007: Lula oferece o território
brasileiro como sede para um encontro entre Hugo
Chávez e os comandantes das Farc.
Entre esses fatos ocorreram outros inumeráveis cuja
data não recordo precisamente no momento, entre os
quais o fornecimento maciço de armas às Farc
pelo governo Hugo Chávez, uma campanha nacional de
mídia para desmoralizar o analista
estratégico americano Constantine Menges que
divulgava a existência de um eixo
Lula-Castro-Chávez-Farc, os tiroteios entre
guerrilheiros das Farc e soldados do Exército
brasileiro na Amazônia, as denúncias de que
as Farc davam treinamento em guerrilha urbana aos
militantes do MST e, é claro, várias
assembléias gerais e reuniões de grupos de
trabalho do Foro de São Paulo.
A existência de uma ligação profunda,
constante e solidária entre o PT e as Farc é
um fato tão bem comprovado, que quem quer que
insista em negá-la só pode ser parte
interessada na manutenção do segredo ou
então um mentecapto incurável.
Também não me parece possível ocultar
a evidência de que essa ligação
não é só bilateral, mas envolve, em
maior ou menor grau, todas as entidades participantes do
Foro de São Paulo, a maior
organização política do continente,
da qual as Farc e movimentos similares constituem os
diversos braços armados, atuando em torno e dentro
do território brasileiro sob a
proteção do nosso governo federal, chefiado,
como se sabe, pelo próprio fundador do Foro de
São Paulo.
Não me perguntem como e por que fatos dessa
magnitude nunca foram objeto de uma CPI, nem sequer de um
breve debate no Congresso, muito menos de algum
esforço de reportagem da parte de uma mídia
que se gaba de ser tão afeita a
investigações perigosas.
As explicações são muitas –
espírito de traição, testemunhas que
desaparecem, dinheiro que rola, cumplicidade, oportunismo,
covardia, estupidez – e nem vale a pena
repassá-las. Mas há uma que, pelo pitoresco,
deve ser aqui registrada.
O vício dos cursos de auto-ajuda, pagos a peso de
ouro e valorizados mais por isso do que por qualquer
resultado comprovado, infundiu na classe dominante
brasileira uma fé sem limites no poder do
pensamento positivo. Muita gente nas altas rodas acredita
piamente que, se você repetir com
perseverança o mantra “O comunismo
acabou”, o movimento comunista terá cessado
de existir. Acredita até que, diante de sujeitos
que se declaram abertamente comunistas, como os srs. Aldo
Rebelo ou Quartim de Moraes, a firme decisão de
pensar que eles são outra coisa há de
transformá-los nessa outra coisa.
Quanto aos indivíduos que se associam aos
comunistas, participam de congressos comunistas,
são tidos como comunistas fiéis pelos
próprios comunistas e fazem planos para a tomada do
poder continental junto com os comunistas, mas não
admitem em público que são comunistas, a
mera hipótese de que o sejam em segredo é
repelida com desprezo ou indignação e
alegada como prova de que o autor da sugestão
é um perigoso extremista de direita, tão
exagerado e fanático que talvez seja ele mesmo, sob
camuflagem direitista, um agente provocador a
serviço do comunismo internacional.
Chegamos assim à adorável conclusão
de que o único comunista – ou pelo menos o
único perigoso – sou eu.
Portanto, basta não me dar ouvidos, e pronto: o
Brasil está a salvo da ameaça comunista.
Não resta dúvida de que, nesse sentido, o
Brasil tem hoje o mais vasto, organizado e poderoso front
anticomunista já registrado ao longo de toda a
História universal.