Golpistas e vigaristas
Olavo de Carvalho
Os blogs vão acabar matando a grande mídia, se ela não tomar jeito. É a eles que temos de recorrer quando queremos notícias genuínas em vez de fingimento bem-pensante. Já falei aqui da �Nota Latina� ( http://notalatina.blogspot.com ), que considero a melhor e quase única fonte de informações seguras sobre o movimento comunista no continente. Agora me aparece outro, http://jaelsavelli.blogspot.com/ , que não hesita em fazer, a respeito do alegado perigo homofóbico que assola o país, o cálculo comparativo que nem o governo, nem o jornalismo chique, nem os tagarelas acadêmicos e parlamentares ousaram jamais fazer, porque se o fizessem cortariam no ato sua própria língua mentirosa e falaz. Aí vai: 1) O Grupo Gay da Bahia informa que � entre 1980-2005, foram assassinados no Brasil 2.582 homossexuais� (fonte: http://www.ggb.org.br/assassinatos2005c.html ). 2) O governo federal informa que �nos últimos 25 anos ocorreram aproximadamente 800 mil assassinatos no Brasil� (fonte: http://www.camara.gov.br/sileg/integras/398227.pdf ). 3) O Grupo Gay da Bahia e o governo, juntos, informam que �os gays representam cerca de 14% da população brasileira: 24 milhões� (fontes: IBGE e http://www.ggb.org.br/moviment_glbt4.html ). O leitor tenha a bondade de fazer as contas e verificar que, segundo esses dados, o número de homossexuais assassinados corresponde a 0,3 por cento do total de vítimas de homicídios no Brasil. Ora, a comunidade que abrange 14 por cento dos brasileiros mas só 0,3 por cento dos assassinados é exatamente o contrário de uma comunidade de risco, sob o ponto de vista policial. É uma das comunidades mais seguras, mais protegidas deste país. Com razão ela se denomina �gay�: é uma das poucas que tem motivo para estar alegre numa população que vive em permanente estado de luto. Seus líderes, porta-vozes e advogados não podem alegar ignorância desse dado, pois são eles mesmos que o publicam. Se, não obstante, insistem em apresentar essa comunidade como vítima de violência endêmica, como necessitada não só de proteção extra mais de legislação especial que lhe permita criminalizar e mandar à cadeia todos os que não gostem dela, a conclusão é óbvia: cometem fraude consciente, deliberada, com a finalidade de transformar riscos inexistentes em instrumentos para dar à comunidade gay um status social ainda mais privilegiado do que já tem. �Privilegiado� é eufemismo. Já expliquei em outro lugar ( /semana/070604dc.html ) que, pela amplitude da sua área de aplicação, a lei dita �anti-homofóbica� dará à militância gay um poder repressivo e intimidatório praticamente ilimitado, transformando-a num temível instrumento de chantagem nas mãos de seus mentores e aliados no governo federal e nos partidos de esquerda. Se, ademais, a implantação dessa monstruosidade vem por meio da mentira e do engodo, então é claro que estamos diante de uma conspiração criminosa das mais perversas, astuciosas e bem camufladas que um grupo golpista já ousou tramar contra as garantias democráticas neste país. Debater o caso sob o ângulo moral, religioso ou sexológico é discutir o sexo dos anjos, talvez também dos demônios, das sombras do Hades e até dos ectoplasmas. É alienação completa. Pois não é de sexo, de moral ou de religião que se trata nessa lei abjeta � é de poder, e poder sem limites. Duvido muito que a maioria dos homossexuais, no entusiasmo de suas paradas carnavalescas, tenha a menor idéia, seja da perversa engenharia política a que serve, seja do engodo publicitário montado para explorar, com esse fim, seus temores e seu esprit de corps . Mas também duvido que os adversários da lei, inflamados na defesa de seus valores tradicionais, tenham a serenidade e o tirocínio para acertar o dedo na ferida. Atiçando as paixões polêmicas, desviando as atenções para a questão abstrata e extemporânea do �pró e contra o homossexualismo�, o pequeno grupo de espertalhões golpistas coloca a seu serviço, simultaneamente, duas multidões de otários. |