Idéias e resultados
Olavo de Carvalho
Na galeria das doenças do espírito humano, a mais
repugnante é a duplicidade de consciência, que faz um
homem chafurdar na mentira ao mesmo tempo � e no mesmo ato � em que
seu coração bate forte de indignação
contra a perfídia do mundo. Para os que não conheceram
por dentro os meios esquerdistas, a existência dessa
síndrome pode parecer inverossímil e até
inconcebível. Não acreditam que alguém possa
ser falso ao ponto de imaginar-se sincero, bondoso e santo ao
ludibriar os demais. Mas às vezes o fenômeno se torna
tão patente, que mesmo a incredulidade sonsa já
não consegue negá-lo. A denúncia do caso Ibsen
Pinheiro é um exemplo espalhafatoso. Co-autor e testemunha da
destruição jornalística de um inocente, o
senhor Luís Costa Pinto calou-se durante anos, esperando para
ter sua crise de consciência no momento exato em que ela
favorecia os criminosos em vez de prejudicá-los. Quem
será estúpido de imaginar que foi pura
coincidência o timing perfeito, a denúncia do �mau
jornalismo� saindo pela boca de um assessor petista em
uníssono com a investida do governo contra a liberdade de
imprensa? Resultado de uma trama montada entre petistas para
eliminar um virtual concorrente de Lula na corrida presidencial, a
calúnia contra o ex-deputado é usada agora como
pretexto para fazer do partido caluniador o juiz em vez de
réu do processo. A raposa exibe as galinhas destripadas como
argumento para reivindicar o posto de guarda do galinheiro. Costa
Pinto e seus cúmplices, a começar por Paulo Moreira
Leite, acusado de autorizar a publicação da mentira
consciente, estão fora de perigo. O delito prescreveu e a
vítima anunciou que não quer nem
indenizações. Quem vai pagar pelo crime? Nós
outros, os �maus jornalistas�, condenados por um júri de
Costas Pintos e Moreiras Leites. |