Escalada Jornalistas de esquerda querem cada vez mais poder
Olavo de Carvalho
De tempos em tempos, ressurgem na imprensa den�ncias alarmantes de que as For�as Armadas, por seus servi�os de intelig�ncia, estariam monitorando clandestinamente atividades l�citas, espionando ilegalmente cidad�os pac�ficos e exercendo, em suma, o papel ditatorial de um �Big Brother�, em pleno Estado de direito. Quando se examina o caso de perto, o que se descobre � que, invariavelmente, os investigados t�m liga��es amistosas com organiza��es empenhadas em preparar a revolu��o continental que, nas palavras de Fidel Castro, �vai reconquistar na Am�rica Latina o que se perdeu no Leste Europeu�. Atrav�s da narcoguerrilha colombiana, essa revolu��o j� amea�a nossas fronteiras, sob os aplausos de seus adeptos locais. O poder desses adeptos pode-se medir pela espessura do sil�ncio que tombou, desde a pris�o de Fernandinho Beira-Mar, sobre os dados apreendidos no �laptop� do delinq�ente, que revelavam a parceria do narcotr�fico nacional com a guerrilha das FARC. Se os servi�os de intelig�ncia se abstivessem de monitorar essas pessoas, a� sim estariam fora de suas atribui��es constitucionais. A impress�o de que fazem coisa il�cita � criada mediante um truque jornal�stico bem simples: o fato de que alguns indiv�duos sejam observados tamb�m nas atividades que desempenham em organiza��es legais � usado como �prova� de que estas � que est�o sob vigil�ncia, e at� sob amea�a. Mas, se um poss�vel suspeito entra numa padaria e � a� seguido por um agente da ordem, poder� o padeiro queixar-se de que seu estabelecimento est� sob vigil�ncia ilegal? Ademais, n�o consta que, nessas opera��es, as For�as Armadas usem m�todos criminosos, como por exemplo o grampo telef�nico, do qual os jornalistas de esquerda se servem com tanta sem-cerim�nia, chegando mesmo a condenar como �atentado contra a liberdade de imprensa� qualquer proibi��o judicial de que tirem proveito jornal�stico (e pol�tico, obviamente) das informa��es obtidas por esse meio. Mas, com a mesma candura com que se enchem de brios para defender seu autopromulgado direito de fazer a seu belprazer o que nem a pol�cia pode fazer sem permiss�o judicial, esses jornalistas, ao tentar dar ares de ilegalidade �s a��es das For�as Armadas, sempre declaram basear-se em �documentos confidenciais�, confessando deste modo sua pr�pria a��o de espionagem e a apropria��o il�cita de material reservado. Denunciam uma falsa transgress�o no momento mesmo em que se arrogam o direito divino de estar acima das leis. A mistura de mal�cia no procedimento e de ingenuidade na alega��o deinten��es sublimes, transcendentes a todo julgamento humano, � mesmo umtra�o geral e inconfund�vel da mente esquerdista. A conquista dos meios jornal�sticos por essa deformidade de consci�ncia veio dos tempos em que a imprensa esteve na vanguarda dos movimentos contra a ditadura, instigando-os e liderando-os em vez de simplesmente notici�-los. Naquela circunst�ncia, o abuso podia ser at� um m�rito. Mas, ap�s o retorno � democracia, a classe jornal�stica n�o quis voltar � sua humilde fun��o de narrar e analisar: afei�oara-se de tal modo a seu novo papel de �agente de transforma��o�, que tomou a dianteira das campanhas de �limpeza �tica� -- t�o presun�osas na sua autopropaganda quanto sujas nos seus m�todos e desprez�veis nos seus resultados --, pautando as investiga��es oficiais e reduzindo � obedi�ncia os parlamentares recalcitrantes por meio de amea�as veladas de inclu�-los na lista de suspeitos. Mais adiante, apelou aos grampos epid�micos, arrogando-se o direito de us�-los �no interesse p�blico� e mandando �s urtigas a letra da Constitui��o. Por fim, veio o esfor�o conjugado, simult�neo em v�rios jornais, para usurpar das For�as Armadas seus meios de investiga��o e matar no ber�o qualquer possibilidade de a��o preventiva contra a revolu��o prometida por Fidel Castro. Se isso n�o � uma escalada de poder, n�o sei mais que raio de coisa possa ser.
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