Sapientiam Autem Non Vincit Malitia - Foto da águia: Donald Mathis Mande um e-mail para o Olavo Links Textos Informações Página principal

Leituras recomendadas - 54

 

O Panopticon de Ol�vio Dutra

Carlos Alberto Reis Lima
M�dico
[email protected]

 

No anel perif�rico se � totalmente visto, sem jamais ver; na torre central v�-se tudo sem jamais ser visto�

Michel Foucault, lembrando Jeremy Bentham

O Rio Grande do Sul assiste com um misto de incompreens�o, medo e estupefa��o a uma s�rie de constata��es acerca da seguran�a p�blica. As �ltimas not�cias veiculadas pela imprensa (jornal Zero Hora e RBS em 25/7/01) d�o conta do estado de desinforma��o da popula��o por falta de estat�sticas oficiais por parte do governo do Estado sobre crimes perpetrados no Rio Grande do Sul nos �ltimos anos. A aus�ncia de dados estat�sticos que sonegam � sociedade o m�sero direito de saber como, onde, quando, e de quem se proteger, faz aumentar o clima de inseguran�a e temor dos cidad�os. N�o se conformando apenas com o discurso da �generosidade�, e da �solidariedade�, que n�o sai da boca do governador, a popula��o estremece.

A imprensa j� bate em alguns pontos sens�veis e vulner�veis ao revelar o discurso escapista do Secret�rio da Seguran�a e da Justi�a, Jos� Paulo Bisol, o qual protela a informa��o de dados estat�sticos ao p�blico sobre a criminalidade. De fato, em repetidas vezes o secret�rio desconversa com esta querela de estat�sticas habilmente fugindo das inten��es malignas que n�o prov�m apenas da sua mente, mas que fazem parte da estrat�gia de poder que se arma no estado do Rio Grande do Sul e j� se �espraia� para todo o pa�s.

O motivo crucial que est� por tr�s desta aparente demora na divulga��o de dados da pol�cia � que ela � inconfess�vel, e assim ela � porque a estrat�gia leninista que inspira TODAS AS A��ES deste governo � ela mesma, inconfess�vel. Ela � t�pica das a��es revolucion�rias das antigas pol�cias secretas de L�nin a Stalin, continuando-se na odiosa pol�cia revolucion�ria Cuba, onde um em cada quatro habitantes � um informante do estado totalit�rio do ditador Fidel Castro. Ela � t�pica dos arcana imperi que fazem do segredo dos seus atos e da oculta��o das informa��es a sua caracter�stica. Conforme Norberto Bobbio, representar � apresentar ao p�blico. Quem se omite em informar n�o est� representando o povo e sim ocultando uma vontade inconfess�vel. O segredo s� � a alma do neg�cio na vida privada. Esta era a estrat�gia da Tchek�, a primeira pol�cia secreta de L�nin que existiu de 1917 a 1922, sendo substitu�da pelos ��rg�os� (OGPU), pela NKVD, MGB, e a tristemente c�lebre KGB. Todas elas omitiam informa��es a um povo j� escravo. Ali�s, era o pr�prio Estado que omitia tudo, que distorcia tudo, que via em cada esquina de Moscou um inimigo contra-revolucion�rio. Esta paran�ia estatal se estendia a tudo e contra todos. Na defesa intransigente e patol�gica do socialismo sacrificavam o pr�prio povo. Vivia o infeliz povo russo sob o tac�o de um Estado Policial.

O Brasil ainda n�o � este Estado, mas aqui no Sul j� se deram os primeiros passos, e eles come�am assim: omiss�o de dados, o que contraria e ignora lei de 1999 que expressamente obriga o governante a publicar em Di�rio Oficial as estat�sticas de criminalidade; aten��o policial crescente para dentro dos lares e fam�lias e para longe das ruas; tratamento privilegiado de criminosos, que s�o mostrados � sociedade como �v�timas� da situa��o econ�mica; a aus�ncia de policiamento; e a intencional altera��o das estruturas de efici�ncia do trabalho policial - mat�rias eminentemente t�cnicas que est�o recebendo tratamento ideol�gico marxista-leninista. Da� ser inconceb�vel que um pol�tico socialista seja o� ocupante do cargo em quest�o, e que �pensa� movido pelo fiel cumprimento do manual revolucion�rio de L�nin, cujo pol�tico-policial favorito era o her�i sanguin�rio Felix Dzjerdzinski,� chefe da igualmente sanguin�ria Tchec�.

O papel pat�tico, para dizer o m�nimo, do secret�rio Bisol, que est� mais para Madre Tereza de Calcut� do que para um agente p�blico que luta contra o crime, um exemplo de escandaloso desvio de fun��o, ainda o impede de se igualar a Felix Dzjerdzinski. Bisol jamais sujaria as pr�prias m�os. Al�m disso, temos alguns meses at� a vit�ria final da barb�rie e isto nos separa das masmorras, da censura brutal e dos campos (GULAGs) da ditadura socialista.

E todo o resto decorre. N�o admira que o jornal oficial Pravda (A Verdade(!) ), �rg�o m�ximo da imprensa comunista de L�nin a Gorbachov, s� publicasse a �verdade� do �rg�o m�ximo do Partido, e deixasse de publicar tudo o mais. Mas se a nossa imprensa reluta em afrontar o monstro leninista, talvez imaginando que assim o faz por respeitar a leg�tima escolha popular, n�o faria mal em publicar ela mesma outras s�bias palavras de Norberto Bobbio:

�... O poder autorit�rio n�o apenas esconde para n�o fazer saber quem �,e onde est�, mas tende tamb�m a esconder suas reais inten��es no momento em que as suas decis�es� devem tornar-se p�blicas.�

 

Amaral Ferrador, RS, 28 de julho de 2001