Leituras recomendadas - 50
Psican�lise e marxismo: alian�a sinistra Pedro Paulo Rocha
Prezado Sr. Olavo de Carvalho, A conex�o entre psican�lise e marxismo est� muito presente em eventos que uns realizam, no Brasil, uns com o apoio dos outros. Submeto-lhe uma abordagem que fiz do problema: A estupidez dos m�todos psicanal�ticos se reflete na orienta��o prescrita pelo Dr. Bruno Bettelheim, em seu livro A Fortaleza Vazia: "N�o a lev�vamos ao banheiro v�rias vezes ao dia, como fora costume em casa. Encorajamo-la a defecar a vontade, estivesse onde estivesse." E acrescenta: "Laurie urinou quando se encontrava sentada no colo de uma terapeuta. Como aquela n�o se importasse e at� se mostrasse satisfeita, ficou muito feliz. A partir dai urinava com freq��ncia no colo das conselheiras, com prazer evidente." Al�m de deseducar a paciente, ainda vai mais longe: estimula a nojenta manipula��o das fezes pois, segundo ele, "certamente a defeca��o pode constituir um presente que a crian�a d� � m�e". Relata ele que "Laurie tornou-se mais ativa e ousada na manipula��o das fezes, espalhando-a pelo corpo e pelas m�os" e prossegue "Ao retirar as fezes das suas cal�as, adquiriu uma certa liberdade na sua manipula��o." O objetivo declarado era permitir ao paciente a distin��o entre o "eu" e o "n�o eu". Esse inacredit�vel tratamento foi aplicado ao autista X, filha de Ana Luzia, pela psicanalista M. Eug�nia, ent�o no Instituto Santa �rsula. O menino era estimulado a brincar com suas fezes, que espalhava pelo corpo, pelo ch�o e pelas paredes, numa cena t�trica, sob um fedor nauseabundo. � o que poder�amos denominar, com inteira propriedade e em todos os sentidos de "uma terapia de merda". �Numa outra pr�tica terap�utica, usada em algumas institui��es psiqui�tricas americanas, para tratamento de criminosos sexuais, "o agressor precisa gravar uma fita narrando suas fantasias sexuais, enquanto se masturba, esfregando um l�quido no p�nis, de modo que o m�dico possa ouvir a masturba��o na fita. Numa segunda grava��o ele narra fantasias impr�prias, depois de ter descrito as fantasias consideradas normais." (* Matthew Stadler, O agressor Sexual.) �Um dos mais tenebrosos fiascos da psican�lise foi a terapia da impot�ncia sexual, um problema que atinge nove milh�es de brasileiros segundo estimativa do Centro de Estudos da USP. Durante muitos anos foi impingida a id�ia de que o impotente fosse v�tima de frustra��es e traumas, que supostamente bloqueavam emocionalmente sua libido Em 1910, em Leiden, Freud psicanalisou o compositor Gustav Mahler, que era impotente. Como sua esposa se chamava Alma, e sua m�e, Maria Alma, tinha o mesmo nome, Freud chegou a fant�stica e hilariante conclus�o, devido � esta coincid�ncia de nomes, que seu problema era de fundo edipiano, resultante de uma fixa��o em rela��o a m�e. -- Tenho casos em que o paciente passa anos no div� e continua impotente, pois o problema � org�nico - afirma o prof. Faud Al Assal. Durante um Simp�sio Internacional sobre Andrologia, realizado em Palma de Mallorca, Espanha, em 1988, os especialistas conclu�ram que a impot�ncia masculina afeta pelo menos 10% dos homens e tem solu��o em mais de 90% dos casos. Segundo trabalhos atuais, s�o decorrentes principalmente de diabetes, les�es cerebrais ou medulares, arteriosclerose, altera��es art�rio-venosas que impedem a reten��o do sangue efeitos colaterais de medicamentos, uso prolongado de �lcool ou drogas, redu��o de testosterona, o horm�nio masculino, ou ainda por acidentes traum�ticos. A corre��o tem sido obtida por microcirurgia vascular, medica��o hormonal, vaso dilatadora ou de est�mulo � circula��o e por implante de pr�teses. Que longo e tortuoso caminho se percorreu para se chegar ao �bvio! �Mas e os milhares de pacientes que melhoraram, segundo estudos estat�sticos apresentados? � que a corrida entre o efeito iatrog�nico da psican�lise, ou seja, o agravamento do paciente pela terapia, e o tempo que se encarrega de faz�-lo esquecer ou superar os seus problemas, quando eles s�o puramente emocionais, freq�entemente � ganha pelo segundo. De fato, se 30% daqueles que, tendo se defrontado com problemas emocionais, melhoraram recorrendo � psican�lise, um percentual bem maior alcan�a resultados mais efetivos recorrendo � Psiquiatria cient�fica ou mesmo sem qualquer tratamento. Acrescente-se o fato de que, em toda terapia existe um fator subjetivo consider�vel. Qualquer bom profissional sabe que, t�o importante quanto a sua prescri��o, � a confian�a que souber inspirar ao paciente, porque � ineg�vel que "a f� move montanhas". Portanto, quem tem problemas apenas superficiais e acredita em psican�lise, certamente se beneficiar� deste tipo de terapia. O mesmo se aplica, indistintamente, � religi�o, macumba, �gua benta, despachos, promessas, rezas, etc., como foi mostrado, de longa data, pelo Dr. Mesmer, que ficou famoso no s�culo XVIII, com seus m�todos esot�ricos, descritos por Ste-phan Zweig, em seu livro Mesmer. Eu, sinceramente, diante de tantas alternativas, preferiria a macumba, que pelo menos, � mais folcl�rica. Pois esta � uma influ�ncia relativa e meramente subjetiva, que apenas d� "apoio" para uma recomposi��o emocional. Nenhum paciente se curar� de uma s�filis que n�o recorrer a um antibi�tico. As posi��es extremadas, que eles assumem, no Brasil, chegaram �s raias do absurdo, com a Lei Delgado. O prop�sito desta esdr�xula Lei � "uma pol�tica de extin��o progressiva dos manic�mios com a sua substitui��o por alternativas assistenciais", a pretexto de "resgatar a cidadania" (a frase da moda!) dos pacientes e supondo, utopicamente, que as suas fam�lias pudessem suportar a press�o desestruturante de mant�-los em casa. Esta proposta, que foi antecipadamente inclu�do em muitas Leis Org�nicas, entre outras aberra��es, determina taxativamente que: "O paciente n�o dever� receber nenhum tipo de tratamento sem o seu consentimento por escrito ou de pessoa de sua escolha, obtido livremente, sem amea�as e ap�s discuss�o sobre a natureza da doen�a e sobre a natureza, objetivo e dura��o do tratamento." (Art. 363 inciso VIII par. 3o. da Lei Org�nica do Munic�pio do Rio de Janeiro.) �Como era de se esperar, houve uma forte rea��o das fam�lias dos doentes mentais, que seriam diretamente prejudicadas pela medida, que se organizaram numa Associa��o Comunit�ria e passaram a promover manifesta��es e protestos atrav�s dos peri�dicos. �Com o objetivo de anular estes protestos e criar a ilus�o de que a sociedade ambicionava a aprova��o da Lei Delgado, a m�fia organizou um evento que foi designado II Confer�ncia de Sa�de Mental que, no Rio de Janeiro, teve lugar no Campus da UERJ, no segundo fim de semana de outubro de 1992. O prop�sito declarado era submeter ao Congresso Nacional um relat�rio com diretrizes neste sentido, aprovadas pela Plen�ria "democraticamente" eleita. T�o democr�tica, que as tais Diretrizes que j� estavam previamente redigidas. �Num assunto em que deveria prevalecer a sensatez, sob os delirantes aplausos de uma plat�ia constitu�da pela nata do PT, partido do autor daquele projeto de lei, assistia-se � cena surrealista de dezenas de "insensatos", pacientes do Centro Psiqui�trico Pedro II, Pinel e Instituto de Psiquiatria, conduzidos em �nibus especiais, votarem as propostas, sob a inacredit�vel argumenta��o de "eram eles que deveriam decidir sobre o pr�prio destino, na defesa de suas cidadanias". E eu, abismado com a contempla��o da longa fila de loucos, alguns dos quais vociferando palavras desconexas, levados a deliberar sobre assunto t�o s�rio, ficava na atroz d�vida de quem seria mais doido: se aqueles que haviam assim sido rotulados, ou os que patrocinavam id�ias e procedimentos t�o bizarros. Dentro deste esp�rito, de que a doen�a mental seria decorrente de efeitos sociog�nicos, ou seja, provocados por problemas sociais, do relat�rio constou, expressamente: "N�o existe tratamento psiqui�trico que n�o possa acontecer em regime ambulatorial. Mais recentemente, as contribui��es das escolas sociog�nicas - com Caplan, Zasz, Bateson, etc, e psico-socio-pol�ticas - com Basaglia, Guatari e outros - ... valorizaram a determina��o social das doen�as e dos tratamentos." O relat�rio era t�o radicalmente pol�tico, que inclu�a, repetidas vezes, express�es tais como "Fora Collor". �Durante os debates, no qual n�o admitiram que eu participasse da mesa, como representante da APARJ, uma associa��o de pais e amigos de crian�as autistas, que eu criara e dirigia, sob a esdr�xula alega��o de que eu n�o era doente mental. A minha proposta de que se desse �nfase � preven��o, sob os apupos petistas, foi fragorosamente derrotada, por ser "eug�nica" e "nazi-fascista". Afinal, como alegavam os profissionais, talvez n�o querendo perder a clientela, "os loucos s�o pessoas louv�veis e dignas, e seria preconceito querer que eles n�o existissem". �E diante da minha argumenta��o, de que era muito f�cil falar em coabitar com um louco, porque n�o eram eles que viviam o problema, e que "pimenta nos olhos dos outros � refresco", para dar mais �nfase a estas propostas ex�ticas, apelaram para a afirma��o de que eu, certamente, era o tipo de pessoa que "odiava e discriminava os loucos". O que inflamou a turba de dementes. Que resposta devo dar � m�e do Guilherme, uma viuva j� idosa, cujo filho recebeu alta do Centro Psiqui�trico Pedro II, e que � por ele espancada quase que diariamente, quando ela me pede ajuda? Ou que devo sugerir � Solange, que foi obrigada a construir praticamente uma jaula, onde seu filho adolescente e forte, tem que ser contido para n�o atacar a m�e e os irm�os menores? Por que a institucionaliza��o continua a existir, para aqueles como Jesus, que pode pagar os altos valores para manter seu filho sob os cuidados de especialistas, em Tiradentes. Mas para quem n�o pode pagar, o que resta fazer? Recorrer � um recurso extremo, como Jorge e Ol�via, que foram obrigados a autorizar a lobotomia do Marcelo, depois das repetidas agress�es a familiares e vizinhos, a �ltima das quais por pouco n�o resultou em morte da v�tima inocente? � verdade que o n�mero de internos tem diminu�do acentuadamente. Por�m isto n�o se deve a estas novas diretivas, mas ao enorme arsenal de psicotr�picos que a ind�stria farmac�utica criou, nas �ltimas d�cadas, que se n�o permitem a cura, pelo menos possibilitam o controle dos surtos dos pacientes. Recursos medicamentosos que estes psicanalistas chamam com desprezo de "camisa de for�a qu�mica". (os nomes citados foram, evidentemente, trocados, para preservar a privacidade dos envolvidos).
Pedro Paulo Rocha
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