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Leituras recomendadas - 73

 

Come�a a 4.� Guerra Mundial

CARLOS ALBERTO MONTANER

 

A compara��o que mais se ouve � com o bombardeio de Pearl Harbor. O tremendo espet�culo dos avi�es suicidas e dos edif�cios desabando em Manhattan lembram o ataque japon�s � base americana do Pac�fico. Mas se enganam: a melhor refer�ncia n�o � essa, � o bloqueio de Berlim em 1948, quando os russos decidiram apoderar-se de toda a capital alem�, batalha sem bombas e sem mortos, que deu origem oficial e definitiva � guerra fria, a terceira que se travou no s�culo 20. Nesse momento crucial, o presidente Truman decidiu adotar a "pol�tica de conten��o" proposta pelo estrategista George Kennan e p�r em pr�tica uma linha defensiva junto aos aliados do mundo democr�tico para frear o espasmo imperial dos sovi�ticos. Quarenta anos mais tarde, a estrat�gia dava resultado e se verificava o desmoronamento dos pa�ses comunistas do Ocidente, com a exce��o (provis�ria) do regime cubano.

Na manh� nova-iorquina de 11 de setembro de 2001 - e assim ficar� registrado nos livros de Hist�ria -, os Estados Unidos, enquanto recolhiam os escombros e contavam seus mortos, preparavam-se mentalmente para liderar a luta planet�ria contra os terroristas e seus aliados anti-sistema. Do outro lado do Atl�ntico se entendeu muito bem o que acontecia. Uma declara��o contundente do secret�rio-geral da Otan colocava o que ocorreu em sua perspectiva correta: uma ataque dessa natureza contra um dos 15 membros da Alian�a era um ataque contra todos. O artigo 5.� do acordo que os vincula diz isso com toda a clareza. N�o � a guerra dos Estados Unidos contra um grupo de terroristas enlouquecidos, mas a guerra definitiva e aberta das na��es democr�ticas e livres do Planeta contra os inimigos violentos do sistema.

Da mesma maneira que a 2.� Guerra Mundial foi uma seq�ela da 1.�, e a guerra fria uma conseq��ncia da 2.�, esta que agora se inicia � produto da que terminou com a derrubada do Muro de Berlim e o quase imediato desmantelamento do espa�o comunista. Com efeito, durante 40 anos a Uni�o Sovi�tica e alguns de seus mais agressivos aliados, com Cuba � testa, alentaram uma atitude antiocidental em meio Planeta, pregando incessantemente o desprezo pelos m�todos democr�ticos, o descr�dito da economia de mercado, o �dio aos Estados Unidos e, simultaneamente, o culto � revolu��o violenta, a que compareciam os movimentos nacionalistas de vi�s terrorista, fossem a ETA, o IRA ou os separatistas corsos.

Em meados da d�cada de 1960, com a cria��o em Havana da Tricontinental, at� se chegou a constituir uma internacional do terror, na qual marcavam presen�a todos os "ex�rcitos revolucion�rios" do Planeta, a� inclu�dos os sandinistas nicarag�enses, os montoneros argentinos, os tupamaros uruguaios, "macheteros" porto-riquenhos, membros do IRA irland�s, japoneses, alem�es e italianos perturbados pelo cheiro de sangue e, pouco depois, etarras bascos.

Esses grupos de a��o, vinculados pelo �dio ao sistema, eram, na perspectiva de Moscou, aliados conjunturais para debilitar o Ocidente por dentro. �s vezes, eram treinados na Bulg�ria ou instru�dos na Universidade Patrice Lumumba; outras vezes, a KGB montava complicados esquemas para ocultar suas pegadas, interpondo campos de treinamento na Arg�lia, na S�ria, na L�bia ou em Cuba. Mas o papel dessas hostes irregulares era evidente: exaurir as democracias ocidentais em prepara��o para a chegada do dia final.

O que se passou foi o seguinte: desaparecidos a URSS e seus sat�lites, essa matilha, desarticulada e �rf�, destro�ada e desmoralizada, ainda � capaz de arremeter. Ainda d� rabanadas, especialmente quando conta com dinheiro do petr�leo de alguns pa�ses �rabes e com a ajuda direta de certos Estados. N�o foi uma casualidade o fato de o representante do IRA em Havana ter sido capturado recentemente na Col�mbia, quando fazia contato com as Farc de Tiro Fijo. N�o foi fruto do acaso que as armas com que os montoneros atacaram o quartel de La Tablada, no final do mandato de Alfons�n, tenham sa�do de Havana. N�o � de estranhar que os explosivos que os separatistas corsos roubaram na Fran�a acabem estourando em Barcelona ou em Medell�n. N�o � por caridade que o sr. Khadafi e o sr. Saddam Hussein contribuem com fundos para as campanhas pol�ticas de seus aliados, sejam chavistas venezuelanos ou sandinistas nicarag�enses. N�o � uma curiosa coincid�ncia que os agentes de influ�ncia que ontem apoiavam Guevara hoje o fa�am com os zapatistas mexicanos, a ETA basca, os sem-terra brasileiros, os "okupas" de todas as partes e as aguerridas hostes da antiglobaliza��o. Todos fazem parte da mesmo ninho de baratas ideol�gico.

E � contra todo esse universo viscoso de assassinos, dinamitadores, atiradores de pedras e revolucion�rios iluminados, insurgidos contra a democracia, o Estado de Direito e a economia de mercado que, a partir de agora, todos os Estados respons�veis v�o pegar seu fuzil e ocupar a casamata que lhes corresponder. A chave para a dureza do combate j� foi revelada por Bush em seu discurso � na��o: n�o ser�o responsabilizados somente os terroristas, mas tamb�m quem lhes d� guarida e lhes proporcione qualquer tipo de ajuda. A 4.� Guerra Mundial come�ou. Ser� inaudita e irregular, e batalhas espantosas poder�o ser travadas - falta passar pela atroz experi�ncia da guerra bacteriol�gica -, mas assim s�o as guerras. O consolo � que, sem d�vida, o Ocidente tamb�m a vencer�.

 

Carlos Alberto Montaner, jornalista e escritor cubano, � co-autor do livro Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano.