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Leituras recomendadas - 42

 

A tortura � cada vez mais chinesa,
mas tamb�m russa, ucraniana, moldava�

Ernesto Galli della Logia
Sette (encarte semanal do Corriere della Sera, Roma)

Trad. Giulio Sanmartini

 

A Anistia Internacional denuncia: s� em tempos recentes, mais de 600 casos confirmados de tortura mostram que a voca��o totalit�ria do socialismo chin�s n�o foi atenuada pelo ingresso de generosos investimentos norte-americanos, ao contr�rio do que profetizavam os adeptos de �neg�cios da China�. Chicotadas, choques el�tricos, viol�ncias sexuais ainda s�o o tratamento que o governo chin�s d� aos dissidentes pol�ticos, aos religiosos tibetanos, aos acusados de delitos comuns, at� aos casais que violam a obriga��o de ter somente um s� filho. Curiosamente, esses crimes, ocorridos agora mesmo e suficientemente provados, comovem menos as Cec�lias Coimbras, os Bettos e os Paulos Evaristos do que suspeitas de casos de tortura sucedidos trinta anos atr�s. -- O. de C.

 

O comunismo aparece cada vez mais como uma experi�ncia hist�rica da qual n�o � de fato f�cil libertar-se. Pelo menos no campo dos direitos humanos o exemplo da ex Uni�o Sovi�tica n�o deixa qualquer d�vida. J� faz mais de dez anos que o encontro com a democracia continua sendo, para aquele antigo Estado, um encontro atormentado e dif�cil se n�o imposs�vel.

O caso da R�ssia � o que normalmente chama mais a aten��o � por exemplo os acontecimentos da Chechenia �, mas na realidade a situa��o do que acontece nas outras partes do ex "imp�rio" � que suscita (ou deveria suscitar, se o Ocidente fosse menos distra�do) um alarme mais agudo. O Turkemenist�o continua sendo uma ditadura r�gida e intoler�vel. No Kazakist�o, Kirghizist�o e Uzbequist�o praticamente n�o existiram nunca elei��es livres, e os exparsos grupos de opositores s�o perseguidos sem piedade. Particularmente no �ltimo desses tr�s pa�ses funcionam ainda os "gulag" para milhares de prisioneiros pol�ticos. Por seu lado, o presidente da Bielorr�ssia, Lukashenko, fervoroso admirador de Hitler, continua imperturbavelmente, por meses e meses, a reprimir duramente os protesto suscitados por misteriosos desaparecimentos de grande n�mero de opositores do seu regime, em particular de jornalistas.

Tamb�m a Ucr�nia e a Mold�via n�o est�o melhor. Na Ge�rgia vigora a tortura como pr�tica, n�o de massa, mas sempre habitual, enquanto o conflito entre a Arm�nia e o Azerbaigian � fonte de continua viola��o dos direitos humanos.

Naturalmente, onde o regime comunista est� ainda no poder, a situa��o � ainda pior. � o caso particular da China, n�o obstante sua recente ratifica��o de uma importante conven��o da ONU que trata dos direitos s�cio-econ�micos, tendo em vista obter do Comit� Ol�mpico a designa��o para sede dos jogos de ver�o de 2008. Todavia a formal ades�o ao tratado n�o suprime a feroz viola��o dos direitos humanos que foi denunciada essa semana por um documento especificamente dedicado � China pela Anistia Internacional. Nele pode-se encontrar ainda uma vez, antes de tudo, o amplo e sistem�tico uso da tortura contra os dissidentes pol�ticos, contra os religiosos tibetanos, contra os acusados de delitos comuns, at� contra casais que violam a obriga��o de ter somente um s� filho. Persegui��es, chicotadas, choques el�tricos, viol�ncias sexuais, constituem um tratamento reservado a esses infelizes, destinados, em sua maioria, a morrer pelas viol�ncias que lhes s�o impostas.

Nas 58 p�ginas do relat�rio da Amnesty encontram-se em termos gerais, mas de 600 casos de tortura que se tornaram conhecidos. � o caso do campon�s Zhou Jianxiong, de 30 anos, pendurado de cabe�a para baixo, agredido a pauladas, queimado com cigarros e com ferros em brasa, e que finalmente teve extirpado seu aparelho sexual. Outro caso � do tamb�m campon�s de Hunan torturado at� a morte em 15 de maio de 1998, por funcion�rios do escrit�rio de planejamento familiar, por n�o ter revelado onde se escondia sua mulher, suspeita de estar gr�vida sem o assentimento oficial.

Como se pode ver, o regime de Pequim, mesmo desejoso de assumir fuma�as de democr�tico, para agradar o Ocidente, n�o pretende de modo algum renunciar �s crueldades que s�o praxe do regime totalit�rio inaugurado pelo fundador de rep�blica, o presidente Mao, h� mais de meio s�culo.

Disso sabem alguma coisa os seguidores da seita espiritual Falun Gong, os quais, ao que parece, est�o no centro das preocupa��es e persegui��es do Partido Comunista chin�s, o qual, atrav�s da imprensa oficial de propaganda, n�o cessa de pedir aos seus funcion�rios da pol�cia resultados imediatos e eficientes, convidando-os a recorrer a todos os "meios poss�veis". É at� muito f�cil imaginar quais.