Leituras recomendadas - 63

Um coelhinho sempre apressado

Pedro Sette C�mara

O coelhinho da Montfort, que j� interpreta o discurso alheio antes mesmo de l�-lo at� o fim, diz que eu �conclu� que os montfortianos s�o utopistas. Em primeiro lugar, �utopista� � uma categoria inventada pelo Sr. Orlando Fedeli, que n�o utilizo habitualmente para compreender a cultura universal, que � algo mais do que um conjunto de seitas. Al�m disso, sei que o velho Dr. Pl�nio dizia que sua �civiliza��o perfeita� n�o era uma �utopia� por j� ter existido na Idade M�dia; isto, por�m, � um del�rio completo. A Idade M�dia, sobretudo na Espanha, est� mais para Eldorado do Ecumenismo Radical do que para Terra do Nunca do Tradicionalismo Cat�lico.

Em segundo lugar, e matando dois coelhos com uma s� cajadada, eu tamb�m n�o conclu� que os montfortianos eram ma��nicos por causa daquelas estrelinhas; isto eu disse a t�tulo de piada. Imaginei que isto pelo menos seria percebido por sua espantosa capacidade de leitura e interpreta��o. Mas, como n�o foi, digo: n�o penso que s�o ma�ons. Mas penso que s�o gn�sticos, ao menos nos termos de Eric Voegelin: um grupo minorit�rio reclamando do estado de coisas e falando da sociedade perfeita, infiltrando-se em outros grupos, crendo-se t�o portador da verdade que mesmo os atos mais basicamente contr�rios � moral e � prud�ncia ficam automaticamente perdoados, por terem sido feitos �in Iesu et Maria�. Ser� que nunca lhes ocorreu que n�o ser� a tem�tica cat�lica que ir� transformar a gnose em ortodoxia?

Em terceiro lugar, � importante lembrar que essa afeta��o de desprezo pela astrologia j� custou muito � humanidade, abandonando um assunto t�o importante a sociedades secretas, doidos, homens de boa vontade e nenhum m�todo, e ao Dr. Jung. O simbolismo dos signos e planetas pode ser muito atraente, mas n�o pode ser compreendido sem um pr�vio e extenso estudo de F�sica e Cosmologia � para o qual coelhinhos apressados n�o est�o minimamente capacitados. A capacidade de calar a boca e de tentar compreender antes de falar � em suma, a humildade � � um requisito necess�rio a toda atividade intelectual.

Quarto, ainda estamos esperando que sejam apontados os erros condenados... Mas, � claro, a essa altura o coelhinho j� se cansou.

29/08/2001