Leituras recomendadas 193
Notícias eleitorais Por José Nivaldo Cordeiro 09 de julho de 2002
As manchetes dos jornais trazem meu conterrâneo Ciro Gomes e sua
ascensão. Deveriam ter trazido Serra e a sua estagnação,
notícia de muito maior importância. Se a situação
se mantiver, veremos o rebanho dos fisiológicos que a sua candidatura
conseguiu reunir se bandear para outros nomes. Será impiedosamente
cristianizado. Ninguém pode ser candidato de si mesmo. Serra bateu
demais em fortes lideranças políticas tradicionais e afastou
de si grandes puxadores de votos, esquecendo-se que não se ganha
eleição de véspera e muito menos se constrói
a condição de governabilidade ignorando os chefes políticos
tradicionais. Errou duas vezes. Deveria ter copiado o método de
FHC, porém a sua personalidade é muito diferente: ele prefere
sempre o confronto ao entendimento, prefere a decisão solitária
à colegiada, prefere o artificialismo a seguir o caminho natural.
Precisaria agora voar alto nas pesquisas, mas seu corpo e suas asas são
de um nutrido avestruz, que jamais deixa o nível rasteiro. Está
impossibilitado de voar. É cada vez maior a chance de Lula ganhar ainda no primeiro turno.
Penso que o candidato só perde para si mesmo, para seus próprios
erros e os de sua base política. A estupidez política que
se vê em Alagoas (base eleitoral bem pequena) e que se vê
também em Minas Gerais (segundo maior colégio eleitoral)
pode comprometer a sua eleição. O escrutínio do segundo
turno é uma outra eleição e aí alguém
com o perfil de Ciro Gomes pode atropelar por fora, inclusive porque ele
pode catalisar os apoios políticos desprezados pela coalizão
governista e receber de braços abertos os fisiológicos,
tão cortejados pelo candidato oficial, que ficariam agora órfãos. Outra notável notícia é a vigorosa candidatura de
Paulo Maluf em São Paulo, mostrando que o maior Estado da Federação
está dentro das tendências internacionais de consagrar nas
urnas os candidatos mais conservadores. É provável que Maluf
sozinho seja o maior responsável pelo fracasso eleitoral da candidatura
Serra, na medida em que enfraquece o esquema da social-democracia no maior
colégio eleitoral do País. E não é só.
Tuma e Quércia, o primeiro notavelmente conservador e o segundo
com um passado de derrotas retumbantes, poderão, junto com Maluf,
varrer os chamados progressistas do PSDB do poder em São
Paulo. É uma reviravolta sensacional. Enfim, serão muitas as variantes até outubro; muitas serão
as emoções. Nada como uma eleição atrás
da outra. |