Leituras recomendadas 185
Cenas e truques
Por Sandro Guidalli
17 de Junho de 2002
Um dos mais conhecidos truques praticados pelos intelectuais e
jornalistas da esquerda é o de martelar sem trégua a
sua suposta falta de espaço nos meios de
comunicação, fazendo-o, diga-se de passagem, nos
próprios meios de comunicação!
Apesar de já terem dominado as faculdades e as
redações, eles reclamam com a maior cara-de-pau que
estão em permanente desvantagem contra o sistema de
perversão midiática hegemonizado pelo
imperialismo, para ficar nas palavras do jornalista comunista
português, Miguel Urbano Rodrigues.
Em recente artigo abrigado pelo Observatório da Imprensa,
aliás, Urbano chega a puxar as orelhas dos colegas que
não aproveitam de forma correta o abundante espaço
dado a eles na mídia. O doutrinamento, segundo ele, às
vezes cede espaço ao mais puro vedetismo, o que tem irritado
nosso agente-jornalista luso.
Ao lado da estratégia que transforma os donos do
pedaço em chorões cínicos, há uma outra:
a que tolera opiniões contrárias para dar a falsa
impressão de pluralidade aos jornais. No meio de uma
dúzia de articulistas de esquerda, espreme-se um conservador
e pronto: está montada a farsa da diversidade de
opiniões.
Desta forma, enquanto a Operação Condor ganha as
manchetes dos jornais como ação escandalosa da
ditadura do Cone Sul, o treinamento cubano aos guerrilheiros
marxistas em busca do poder no Brasil quase sequer é
noticiado. Pois foi este o fato provocador do primeiro. Aquele
precisa deste para ser compreendido.
Neste país, portanto, é preciso forçosamente
trocar os jornais pelos livros pois, de outra maneira, como seria
possível ser informado, por exemplo, do que escreveu a
historiadora Denise Rollemberg em "O Apoio de Cuba à
Luta Armada no Brasil" (Editora Mauad)?
No meio desta encenação, entretanto, surgem dentro e
fora do jornalismo aqueles que têm a tarefa de desmascarar a
pantomima. Um deles é o advogado carioca Pedro Mayall
Guilayn. Seus artigos são imprescindíveis aos que
querem escapar ao domínio esquerdista da mídia.
Recentemente trocamos correspondência e publico abaixo um
trecho da nossa entrevista:
Pergunta - Costumo afirmar que a mídia brasileira abandonou
os mais elementares princípios que orientam o jornalismo. Ao
optarem pela defesa de uma ideologia, por exemplo, os jornalistas
tornaram-se agentes políticos e não procuram mais
sequer esconder a parcialidade. Como você vê isso como
leitor e observador da imprensa?
Pedro Mayall Guilayn - É natural e desejável que os
jornalistas investiguem a vida das figuras públicas e que
opinem sobre os mais variados assuntos, dentro de certos limites,
assim como é normal que, como classe, eles desenvolvam certo
corporativismo, como ocorre com outros grupos de profissionais.
O que não é normal, nem natural e muito menos
desejável é que os jornalistas, em sua esmagadora
maioria, tenham adotado uma única ideologia e se tornado,
consciente ou inconscientemente, veículos da propaganda
doutrinária de um único partido político, no
caso o PT.
É óbvio que uma imprensa subserviente a um movimento
político totalitário renuncia à toda e qualquer
pretensão de isenção e imparcialidade. No
Brasil de hoje, os casos escabrosos de corrupção,
desvio de verbas públicas etc só são
denunciados histericamente e vasculhados a fundo pela mídia
quando os envolvidos não pertencem ao PT, ao MST e a
organizações aliadas.
Fatos indecorosos como os notórios vínculos entre a
Igreja Católica, certas figuras do Ministério
Público e dirigentes de poderosos e milionários fundos
de pensão de estatais com o PT e o MST, bem como as estranhas
ligações entre dirigentes e militantes dessas
agremiações e terroristas e ditaduras estrangeiras
(FARC e Cuba), são sistematicamente ignorados, negligenciados
e abafados. Esse é o grande escândalo da imprensa
brasileira na atualidade: sua parcialidade e submissão, com
raras exceções, a uma ideologia intolerante e nefasta
e ao movimento político que a representa.
Pergunta - Qual a sua explicação para a
sedução que o socialismo exerce entre os
jornalistas... Qual a saída para o leitor que quer menos
propaganda e mais jornalismo?
Guilayn - O socialismo é, e sempre foi, um produto do
ativismo da classe intelectual em causa própria. Muito ao
contrário do que pregam os marxistas, são as
idéias que movem a História.
Jamais houve uma demanda social e histórica por regimes
socialistas. Nenhum grupo ou classe tem a ganhar com a
implantação do socialismo, salvo a classe letrada, que
adquire, como elite dirigente, um poder imenso,
incontrastável e sem precedentes. Quem se opõe a ela
é rotulado disso e daquilo, boicotado e ignorado, malgrado
seus argumentos jamais sejam enfrentados.
Os jornalistas trabalham com o intelecto, com as idéias e com
a palavra. São intelectuais e, em sua maioria, tendem a
sucumbir à tentação do poder político e
suas vantagens materiais e psíquicas que o socialismo
oferece. Essa tendência é agravada pelo controle do
aparato educativo, sobretudo as universidades, pela classe
intelectual esquerdista, o que garante a reprodução e
perpetuação dessa perigosa e insaciável elite.
É por isso que, por mais cabais e evidentes que sejam os
fracassos morais, econômicos e políticos do socialismo
- inevitáveis porque o socialismo é economicamente
inviável e moralmente absurdo -, e por mais irrefutavelmente
que ele tenha sido desmentido teoricamente, a predominância da
ideologia socialista subsiste geração após
geração.
Não é por outra razão que o prestígio de
Fidel Castro - que nunca é chamado na imprensa de ditador,
mas de "presidente" e "líder" - continua
intacto, mesmo após mais de 40 anos de uma tirania
inominável que reduziu seu país à
miséria.
Como eu disse, são as idéias que guiam a humanidade.
Enquanto a idéia socialista retiver sua preponderância
- que já dura século e meio - não há
como evitar que ela produza seus efeitos inexoráveis:
miséria física e espiritual. Somente se e quando essa
ideologia perder seu encanto e força entre os jovens das
novas gerações ela e suas consequências nocivas
- na imprensa e fora dela - desaparecerão. Não
há outro jeito.
Nota - Para ler a íntegra da entrevista com Pedro Mayall
Guilayn ou para receber artigos de sua autoria escreva para
[email protected].
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