Leituras recomendadas 181
Refletindo sobre a violência
Por José Nivaldo Cordeiro
Recebi um texto muito bem escrito, ainda que em forma preliminar, de um amigo internauta (Josino Moraes), na qual ele não titubeia em classificar a violência que se verifica no Brasil de guerra (A guerra brasileira). Isso em virtude da natureza do processo em que se dá a violência, da forma em que se organizam as quadrilhas de malfeitores, com marcantes características militares, e dos números maiúsculos de suas vítimas. E mais: ele identifica que a espiral de violência é ainda mais forte nos centros ricos do País, onde a economia é mais desenvolvida, como as regiões metropolitanas. É difícil discordar do autor. O termo guerra pode ser também compreendido como uma metáfora para definir um processo de regressão da nossa sociedade ao um estado pré-civilizatório. No meu modo de ver, o grande drama é que o Estado e a elite pensante do País têm-se portado de forma neutra: a guerra é travada basicamente entre a população civil ordeira e trabalhadora e os delinqüentes. Essa neutralidade das forças do Estado, bem com defesa ideológica dos bandidos feita pela intelectualidade, têm contribuído para o aumento do número de vítimas e para a impunidade dos malfeitores. Nada é mais emblemático para exemplificar esse fato do que as legislações recentes que disciplinam na verdade, proíbem o porte de arma, como se delinqüentes pedissem licença pública para portá-las. A cada onda de homicídio, mais restrições ao porte, como se o fato de se desarmar as vítimas reduzisse o apetite de seus algozes. Santa ignorância! A situação do Rio de Janeiro, como a que vimos envolvendo o repórter Tim Lopes, não é suficiente para mobilizar as autoridades do Estado e nem para sensibilizar os formadores de opinião. Fosse esse País governado de forma correta, por pessoas comprometidas com seus bons cidadãos, em vinte e quatro horas comandos militares e policiais poderiam prender ou destruir as quadrilhas organizadas que controlam o tráfico e o banditismo em geral, não lhes faltando os meios operacionais para isso. Falta-lhe, isso sim, o comando das autoridades, que só poderiam dá-lo se para isso tivessem a vontade política. Preferem antes chamar inúteis e hipócritas passeatas pela paz, como se o lado ativo da beligerância tivesse ouvidos para ouvir tal apelo. Até agora grupos dos chamados ativistas pelos direitos humanos não descansaram seu discurso e suas investigações, condenando a ação da polícia paulista, que, de forma expedita, antecipando-se aos delinqüentes, interceptou um comboio, matando doze celerados. Ao invés de cerrar fileiras com as forças policiais, que se mostraram eficientes e prontas para o enfrentamento, tais pessoas fazem o contrário, apontado o delo no rosto dos agentes da ordem como se eles fossem os criminosos. Tresvalorizaram todos os valores. O fato é que o Estado brasileiro, nos seus diferentes níveis, tem que cumprir o seu papel e entrar na guerra do lado certo, o lado em que estão os bons cidadãos. Se esses ativistas insanos, aliados dos bandidos, não quiserem fazer o mesmo, devem ser acusados de cumplicidade pela violência pela morte e pela perda de patrimônio daqueles que foram vitimados. São cúmplices ativos e engajados na causa dos agentes da desordem. Isso é preciso ser dito com todas as letras. Estudos como o de Josino Moraes devem ser multiplicados, para melhor esclarecer a opinião pública e subsidiar as autoridades no processo correto de tomada de decisão. |