Leituras recomendadas 171
Moral e política
Por José Nivaldo Cordeiro
"History is again on the move" (Toynbee).
Fazer política não é necessariamente fazer o
bem. Essa verdade é tão antiga quanto a obra de
Maquiavel. O grande perigo é justamente confundir os campos
de ação, o da moral e o da política. No
âmbito moral, temos sempre a polaridade bem e mal, opostos
irreconciliáveis. Quando se projeta no jogo Quando moral e política são confundidos, ocorre o preâmbulo da ditadura e o totalitarismo.
A política, vista por sua própria especificidade,
é a maneira do homem maduro percebê-la. Todos aqueles
que, de alguma forma, foram tocados pelos ideais do liberalismo
político, aceitam essa realidade e estão preparados
para a alternância de poder e o respeito à vontade das
maiorias. Só quem aceita o ideário liberal - ainda que
não o saiba - é que pode conviver com
Essas reflexões são obrigatórias nos tempos
eleitorais que estamos a viver. Na propaganda política
é perceptível o maniqueísmo, mas a propaganda
em si não é nada. Mais importa o que efetivamente
são as crenças dos líderes políticos. Se
estes fizerem da indignação moral a base para a sua
ação, não
Ninguém poderá ter certeza metafísica maior da
sua causa do que tiveram os nazistas, que obtiveram a sua primeira
grande vitória em 1930, ao elegerem 107 deputados. Poucos
anos depois, deu no que deu. Indivíduos messiânicos,
vitoriosos nas urnas, tornam-se um perigo para os povos. Sua chegada
ao
O que vemos é que a militância de esquerda em nosso
país - um pleonasmo, haja vista que desconheço
qualquer militância de direita - está imbuída da
sua bondade redentora, enxergando seus adversários como o seu
contrário, o mal absoluto. Um exemplo dramático do que
quero dizer está nos membros
O que dizer então dos militantes ateus dos partidos de
esquerda? Fazem da militância e da ação
política o seu próprio deus substituto. Serão
bons, e portanto salvos, todos que concordarem com os seus
preconceitos. Contrariamente, serão maus, e condenados
à danação, todos os que estiverem Pensando em tudo isso é que fico a imaginar como estaremos daqui a dez anos. Será que na Alemanha de 1930 alguém fez esse exercício de futurologia? |