Leituras recomendadas 166
A lógica da tribo e a guerra nuclear
Por José Nivaldo Cordeiro
A descrição que Roberto Godoy, jornalista
especializado em questões de defesa do jornal "O Estado
de São Paulo", fez na edição de hoje sobre
as conseqüências de possíveis explosões
atômicas no conflito Índia/Paquistão, é
apocalíptica. Detonar tais armas sobre centros urbanos
não é apenas irracional, é uma afronta à
espécie humana. E o que está em jogo naquela
Objetivamente, o que vemos é um governo tribal - o
Paquistão - confrontar uma democracia, alimentando de forma
irresponsável um movimento separatista. Seu ponto de vista da
revolução islâmica é um perigo,
não apenas para a
A doutrina nuclear da Índia é sensata e
responsável. Ogivas, mísseis e detonadores ficam em
locais diferentes e só podem ser juntados para o respectivo
disparo com decisão envolvendo inúmeros pessoas -
incluindo todo o Parlamento. Dificilmente uma guerra nuclear de
ataque pode ser gerada com Já o governo do Paquistão delegou aos chefes militares das suas unidades o poder solitário de decisão, algo muito perigoso, sobretudo se levarmos em conta a psicologia desses guerreiros islâmicos. Estão sempre com o dedo no gatilho. Esse conflito me faz lembrar a ação de Israel, destruindo preventivamente a capacidade industrial que poderia fazer do Iraque uma potência nuclear. Israel agiu muito corretamente, livrando o mundo da ameaça de um outro chefe tribal, muito mais irresponsável e arrogante, para manipular tais meios de destruição. Se a Índia tivesse feito o mesmo não estaria envolvida agora nesse pesadelo.
Isso coloca a responsabilidade das democracias ocidentais para
mediar e prevenir tais conflitos. É inevitável
imaginar que se aqueles dois países forem à guerra
nuclear, o mundo jamais será o mesmo, pois os países
mais poderosos terão que servir de polícia
anti-nuclear. Acho até que já deveriam exercer tal
papel. Até porque atentados com artefatos nucleares nos EUA e
na
A questão crucial é se a eclosão de um conflito
desse tipo será necessária para que seja feito o que
é preciso de modo preventivo. Os líderes dos
países mais importantes não poderão se omitir,
sob pena de o mundo pagar um preço muito caro. |