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Leituras recomendadas – 129

 

Fórum Social ou Socialista?

por Percival Puggina

 

Antes de mais nada, fica posto um desafio aos leitores que discordarem do conte�do deste artigo: indiquem-me um pa�s (qualquer um, e basta um) onde o socialismo e as id�ias marxistas tenham produzido democracia e prosperidade. Note-se que ao longo de um s�culo e meio esse sedutor modelo s� n�o foi testado na Oceania e na Ant�rtica. E eu n�o estou, nem mesmo, cobrando desempenho positivo em direitos humanos, equil�brio ecol�gico e liberdades p�blicas; quero apenas um caso em que o socialismo real tenha gerado uma sociedade pr�spera e democr�tica.

Os organizadores do F�rum Social Mundial, no ano passado, buscaram pela m�o grandes personalidades que compuseram a face externa do evento. Aqui estiveram, em meio a outros do mesmo g�nero: o ditador argelino Ben Bella ("eu n�o sou um democrata, sou um revolucion�rio"); o senhor Ricardo Alarc�n, marionete n�mero um de Fidel Castro (que lhe concede a honra de presidir o �nico parlamento do mundo que em pleno s�culo XXI ainda emite leis contra a liberdade do povo que diz representar); madame Danielle Mitterrand, para quem "Fidel Castro � um democrata convicto"; a dona Hebe Bonafini, que no di�logo patrocinado pela AFP com o f�rum de Davos, proporcionou a mais constrangedora cena de desvario e �dio ideol�gico de todo o F�rum; o representante das FARC, agente do narcoterrorismo marxista colombiano que agasalhava nossos conterr�neos Fernandinho Beira-Mar e Pitoco. (N�o incluo, na lista, o Jos� Bov� porque esse vivaldino � farinha de outro saco).

O mais distra�do jornalista que tenha acompanhado o F�rum em 2001 sabe que esse grupo estava, para a vol�pia socialista do evento, assim como o abre-alas de mulatas est� para as escolas de samba organizadas por Jo�ozinho Trinta: levanta a arquibancada e p�e todo mundo no enredo do samba.

Dentro de poucos dias, come�a tudo outra vez. E agora querem falar de paz! Ent�o, de duas uma: ou se repete o filme com os mesmos atores, ou se melhora o n�vel e se busca, pela m�o, gente s�ria e desarmada. Neste �ltimo caso se estar� reconhecendo que o evento de 2001 foi um lament�vel engano, uma encena��o mal feita, na mais rigorosa tradi��o da esquerda mundial: promete uma coisa e entrega outra. Ou, se o F�rum de 2001, com sua fauna guerrilheira, revolucion�ria e terrorista, for considerado v�lido, a afirma��o se aplicar� ao evento de 2002 e ao seu discurso em favor da paz.

Por outro lado, um F�rum Social Mundial, do tipo s�rio, n�o pode ser socialista, porque como se viu acima, os problemas sociais n�o s�o resolvidos com conversa fiada e o socialismo � um case sem vers�o bem sucedida. Some-se a esse constrangimento, por fim, a frustra��o do distinto p�blico. Se o F�rum deixar de ser socialista e come�ar a tratar dos problemas sociais sem demagogia, com objetividade e efici�ncia, vai sobrar lugar.

Percival Puggina � arquiteto, pol�tico, escritor, presidente da Funda��o Tarso Dutra de Estudos Pol�ticos e de Administra��o P�blica.