Sapientiam Autem Non Vincit Malitia - Foto da águia: Donald Mathis Mande um e-mail para o Olavo Links Textos Informações Página principal

Leituras recomendadas – 126

 

Cuba e a Coalis�o do Terror
O Surgimento da Internacional Terrorista

por Orlando Guti�rrez-Boronat
(apoiado nas investiga��es de Rafael Artigas e Ana Carbonell)

Leader (Porto Alegre) N�21 - 25 de dezembro de 2001
http://www.iee.com.br/leader/

 

N�o foi dif�cil imaginar qual o inimigo comum que promoveu o encontro entre o L�der Supremo e o Comandante em sua c�pula de Teer� no m�s de maio passado. As declara��es feitas por Fidel Castro durante sua visita a Ir� resultam apavorantes quando vistas � luz dos recentes atentados terroristas nos Estados Unidos em 11 de setembro. De acordo com os jornais, durante a referida visita, o L�der Supremo iraniano Khameini garantiu para Castro "que, ficando ombro contra ombro, Ir� e Cuba podem derrotar os Estados unidos", com o que Castro manifestou estar de acordo, acrescentando que os Estados unidos estavam "extremamente fracos na atualidade", e que "n�s somos os testemunhas dessa fraqueza devido � nossa proximidade". Na Universidade de Teer� e com um estrepitoso aplauso dos estudantes e o corpo docente como pano de fundo, declarou ele que "o rei imperialista acabar� caindo", (AFP, 10 de maio de 2001). Em seguida, o servi�o de imprensa iraniano proclamou que: "Ir� e Cuba concluem que juntos podem derrubar os Estados Unidos". (IPS, 10 de maio de 2001)

S�o muitos os que t�m afirmado por muito tempo que o bem documentado papel de Cuba, enquanto promotor e instigador do terrorismo internacional s�o �guas passadas, algo que se inseria no contexto da Guerra Fria. No entanto, existem evid�ncias irrefut�veis para indicar que ainda hoje:

(a) A ditadura castrista continua abrigando ativamente terroristas internacionais.

(b) A ditadura de Castro continua perseguindo uma alian�a estrat�gica com Estados terroristas para constru�rem uma frente 'anti-Ocidente', e

(c) A ditadura de Castro tem tido uma participa��o ativa em ataques terroristas contra cidad�os norte-americanos.

Basta lembrar o m�s de julho de 1999, quando Domingo Amuch�stegui, ex-funcion�rio do governo castrista conhecido por ter em suas m�os informa��es da maior import�ncia sobre o governo cubano escreveu: "Para os interesses dos Estados unidos, � motivo de preocupa��o a estreita rela��o de Cuba com Iraque e alguns dos grupos terroristas mais militantes do Oriente M�dio Oriente. Ser� que Cuba pode ser utilizada para praticar atos terroristas contra objetivos situados nos Estados unidos? Haver� coopera��o entre Sadam Hussein e Castro para o desenvolvimentos de armas qu�micas e bacteriol�gicas? O que � sobra da estreita coopera��o entre Castro e os grupos terroristas mais militantes da regi�o? (Instituto de Estudos do Oriente M�dio da Universidade de Miami, julho de 1999).

As evid�ncias existentes indicam que Cuba continua, at� hoje, servindo de base para a coordena��o e apoio m�tuo entre organiza��es terroristas transnacionais. Em agosto de 2001 as autoridades colombianas detiveram a tr�s indiv�duos suspeitos de pertencer � banda terrorista irlandesa do IRA, pois estavam oferecendo um treinamento especializado � organiza��o terrorista colombiana FARC. Um dos indiv�duos, Nial Connolly, viveu em Cuba desde 1996 como representante do IRA (The Times, 16 de agosto de 2001, BBC News, 17 de agosto de 2001).

Outras informa��es revelam tamb�m que o territ�rio colombiano controlado pelas FARC tem-se tornado uma base de apoio e log�stica para a internacional do terror. O jornalista argentino Julio Cirino, perito em quest�es de terrorismo internacional, escreveu h� pouco um artigo sobre uma pequena cidade colombiana perto da fronteira com a Venezuela, "onde elementos vindos do Oriente M�dio", recebem documenta��o colombiana falsa para viajar at� outros lugares. Em outubro de 1998, a Interpol prendeu em Bogot� o extremista eg�pcio Mohamed Enid Abdo Aal, l�der de um dos grupos terroristas islamitas mais perigosos. Conforme declarou durante os interrogat�rios, Abdo Aal disse que "seu prop�sito era o de permanecer cinco dias na Col�mbia e viajar mais tarde, por via terrestre at� a Venezuela". (El Nuevo Herald/16 de setembro de 2001).

Sup�e-se que foi em Cuba que o IRA estabeleceu contatos com as organiza��es terroristas FARC e ELN. Ambas essas organiza��es, segundo o relat�rio do Departamento de Estado do ano 2000, t�m "...mantido uma presen�a permanente na Ilha". Al�m disso, acredita-se que os membros do IRA estavam treinando os rebeldes colombianos no desenvolvimento de potentes explosivos antipessoais destinados � "ofensiva urbana" das FARC.

O regime castrista n�o s� tem continuado prestando apoio � organiza��o terrorista basca ETA, conhecida por seus terr�veis ataques com carros-bomba contra alvos civis, mas tamb�m tem procurado sabotar, publicamente, esfor�os diplom�ticos feitos para obter sua condena��o. Num busca que a pol�cia francesa efetuou em 1995 nos esconderijos da ETA, foram encontrados arquivos inform�ticos que indicavam claramente que os servi�os de intelig�ncia cubanos prestavam ajuda aos membros dessa organiza��o procurados pela justi�as espanhola por ataques terroristas na Espanha. Conforme os referidos arquivos, o Partido Comunista Cubano "considera suas rela��es com a ETA como 'fraternais, firmes, estrat�gicas e cada vez mais profundas'" (The Miami Herald, 27 de dezembro de 1997).

O apoio oculto do governo cubano para o terrorismo na Espanha tem sido acompanhado por tentativas de prote��o diplom�tica. Castro n�o s� negou-se a juntar-se a outros chefes de Estado ibero-americanos para repudiar o terrorismo da ETA na c�pula ibero-americana de 2000, como tamb�m "criticou o M�xico por seu apoio para uma declara��o contra o terrorismo na reuni�o de c�pula ibero-americana de Panam�" (The Miami Herald, 11 de novembro de 2000).

A cont�nua rela��o da ditadura cubana com sanguin�rios grupos terroristas e o uso do territ�rio cubano e de sua diplomacia para sua prote��o tem sido durante muito tempo um dos alicerces da pol�tica exterior cubana. Assim como o indica o relat�rio do Departamento de Estado norte-americano, cidad�os americanos procurados por crimes ligados a grupos radicais dos anos 60, t�m sido acolhidos e protegidos pelo governo cubano desde sua cria��o nessa mesma d�cada. O mais preocupante, entretanto, foi a recente tentativa do regime cubano para forjar uma "frente contra o Ocidente" com estados terroristas da regi�o do Oriente M�dio.

A 18 de setembro de 2000, numa entrevista exclusiva com a cadeia televisiva Al-Jazeera, do Qatar, Castro indicou que "n�o estamos prontos para uma reconcilia��o com os Estados Unidos, e eu n�o farei as pazes com o sistema imperialista". Acrescentou ele que seu governo tinha defendido com sucesso Cuba contra "...uma invas�o cultural ocidental", palavras essas ecoando uma das principais queixas dos grupos fundamentalistas isl�micos da regi�o. Em maio de 2001 Castro empreendeu uma s�rie de visitas a S�ria, L�bia e Ir�. No seu discurso na Universidade de Teer�, afirmou que "...a gente deve ser informada e acordar, para n�o permitir que sejam ultrajados e saqueados pelo Ocidente". A 26 de julho de 2001, Castro comemorou outro anivers�rio do in�cio de sua revolu��o, marchando na cidade de Havana ao lado do neto do aiatol� Khomeini.

O v�nculo Ir�-Cuba tem preocupado durante muito tempo os analistas de intelig�ncia e seguran�a nos Estados Unidos. O coronel sovi�tico Ken Alibeck, ex-assistente no comando do programa de desenvolvimento de armas bacteriol�gicas, tem insistido durante muito tempo que o regime de Castro possui esse tipo de armas. No seu livro Biohazard, Alibeck cita seu antigo chefe, o general Yuri T. Kalinin, segundo quem Cuba mantinha um programa ativo de armas bacteriol�gicas. O ex-secret�rio de Defesa norte-americano William Cohen declarou em maio de 1998 que "as atuais instala��es cient�ficas cubanas podem executar um programa de armas biol�gicas ofensivas, ao menos na etapa de desenvolvimento e pesquisa". Em outubro de 2000, o vice-presidente cubano Carlos Lage e o vice-ministro da Sa�de iraniano inauguraram um centro de pesquisa e desenvolvimento biotecnol�gico nos arredores de Teer�. Peritos no assunto emitiram d�vidas sobre os supostos objetivos m�dicos da referida instala��o, dado que o Ir� produz 97% dos medicamentos consumidos pelo pa�s.

N�o s� � poss�vel estabelecer as liga��es desse grupo com o governo iraniano, como tamb�m � f�cil identificar seus interesses comuns com o regime de Castro. Tanto Castro como bin Laden trabalham, fortemente, para montar uma frente comum com o fim de derrubar os Estados unidos e de desenvolver armas biol�gicas de destrui��o de massa.

No seu indiciamento de bin Laden, o Departamento de Justi�a norte-americano indica que a organiza��o terrorista Al-Qaeda, por ele dirigida, busca "...deixar de lado suas diferen�as com as organiza��es terroristas mu�ulmanas xiitas, incluindo o Ir� e seu grupo afiliado terrorista Hezbollah, para cooperar contra o inimigo comum nato, isto �, os Estados unidos e seus aliados..."

O indiciamento alega, al�m disso, que Al Qaeda "...tamb�m tem feito alian�as com a Frente Nacional Isl�mica no Sud�o e com representantes do governo iraniano, e seu grupo terrorista associado, o Hezbollah". Em fevereiro de 1998, Osama bin Laden comunicou a cria��o de uma "frente internacional" contra os Estados Unidos. Segundo o documento obtido pelo programa da cadeia televisiva p�blica norte-americana PBS, "Frontline", bin Laden "considera uma alian�a anti-americana com China e Ir� como algo a ser considerado".

N�o obstante, pode haver mais do que um simples elo iraniano entre Castro e bin Laden. Numa mat�ria escrita a 4 de mar�o de 2000, a Associated Press (AP) divulgou que: "um jovem afg� que foi treinado, neste inverno, num campo da montanhosa prov�ncia de Kumar, no noroeste do Afeganist�o, disse ter visto homens de Chechenia, Sud�o, L�bia, Iraque, Ir�, Cuba, e Cor�ia do Norte. O norte-coreano, declarou o jovem afegano, tinha trazido consigo qu�micas, as quais foram depositadas em cavernas e nas d�zias de casas de barro e pedra aquecidas pelo sol"

Num comunicado de imprensa com data de 16 de setembro deste ano, o governo da ilha caribenha de Gran Caym�n declarou que em agosto do ano passado tinha arrestado tr�s cidad�os afeganos que tinham entrado no pa�s, vindos de Cuba, com falsos passaportes paquistanenses.

O jornal The New York Times revelou em setembro de 1998 que conselheiros do presidente Clinton tinham-lhe apresentado provas de que "bin Laden est� procurando obter armas de destrui��o de massa e armas qu�micas para serem utilizadas contra instala��es dos Estados unidos". Ser� que precisa mais para demonstrar a afinidade ideol�gica entre Cuba e Al Qaeda, bem como a atra��o que o dinheiro de Bin Laden exerce sobre o falido regime cubano e, conseq�entemente, ou para mostrar como a conjun��o desses dois fatores poderia gerar o pior dos cen�rios?

Enquanto os Estados unidos se preparam para construir uma coaliz�o mundial para um derradeiro ataque contra o terrorismo internacional, � preciso enfrentar a realidade de que o inimigo est� um passo � frente. Estadistas, legisladores e analistas n�o devem desprezar os insistentes esfor�os de Cuba direcionados, precisamente, para a constru��o de uma alian�a contra o Ocidente. N�o se deve subestimar seu cont�nuo est�mulo e apoio �s organiza��es terroristas internacionais, nem sua latente capacidade para a guerra biol�gica, assim como sua inten��o de partilh�-la com outros Estados terroristas diretamente vinculados a inimigos dos Estados unidos.

Acima de tudo, a incessante e violente ret�rica de Castro contra os Estados unidos, e o mundo ocidental em geral, n�o deve ser vista com leviandade. N�o faz tanto tempo assim que cidad�os norte-americanos forem os alvos diretos dos ataques terroristas castristas. A 24 de fevereiro de 1996, dois avi�es civis desarmados forem derrubados, em plena luz do dia, enquanto voavam no espa�o a�reo internacional, levando tr�s cidad�os norte-americanos � morte. Um grupo de espi�es cubanos na Fl�rida acabam de ser condenados por conspirarem para assassinar cidad�os dos Estados Unidos, por tentarem penetrar em instala��es militares em solo norte-americano, por espionarem membros do Congresso norte-americano e por fornecerem informa��es sobre o aeroporto internacional de Miami. Fazer "vista grossa" com Castro na v�spera da "primeira guerra do s�culo XXI", seria o mesmo que ignorar a alian�a nazista e fascista com o Jap�o no dia seguinte a Pearl Harbor. O inimigo est� a 90 milhas ao sul de Cayo Hueso. E n�o esconde o �dio que sente por n�s.

-----

Orlando Guti�rrez Boronat � Secret�rio Nacional do Diret�rio Revolucion�rio Democr�tico Cubano, uma das principais organiza��es cubano-americanas que trabalha diretamente com a resist�ncia interna cubana. O Diret�rio foi fundado em 1990 e � reconhecido por seu profundos trabalhos de pesquisa sobre a realidade social e os direitos humanos em Cuba.