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Leituras recomendadas – 121

 

Guerrilha desarmada

por Félix Maier
29 de dezembro de 2001

 

H� alguns anos, foi publicado um importante livro do mexicano Jorge Casta�eda, A Esquerda Desarmada. Importante porque historia com bastante profundidade muitas das a��es dos grupos esquerdistas atuantes na Am�rica Latina durante as d�cadas de 1960 e 1970, a exemplo do grupo argentino �Montoneros�.

O livro de Casta�eda nos ensina que os �Montoneros� eram uma ala armada do Movimento Peronista (�soldados de Per�n�), surgida em 1966, que seq�estrou, em 19 de setembro de 1974, em Buenos Aires, os irm�os Jorge e Juan Born, herdeiros do conglomerado Bunge y Born. Pela liberta��o dos mesmos, os �Montoneros� receberam o equivalente a US$ 64 milh�es, incluindo a��es, b�nus e outros documentos negoci�veis.

O dinheiro desse seq�estro e outros assaltos renderam US$ 70 milh�es e era controlado por Mario Firmenich, �el Pepe�, e Roberto �el Negro� Quieto. Um banqueiro judeu-argentino, David Graiver, foi escolhido para depositar US$ 40 milh�es nos EUA, por�m o avi�o desapareceu sobre o M�xico com todo o dinheiro. O restante do dinheiro, ap�s a morte de �el Negro�, passou para a supervis�o dos cubanos, em 1977, que ajudaram os sandinistas com US$ 1 milh�o, a FMLN (El Salvador) com 200 mil, outro tanto para a URNG (Guatemala). O MIR (Chile) teria recebido a maior soma. Guerrilheiros de outros pa�ses centro-americanos tamb�m receberam dinheiro.

Em 1988, Firmenich foi preso no Brasil e extraditado para a Argentina, e em 1990 anistiado pelo ent�o Presidente Menem.

� importante ressaltar que, segundo Casta�eda, o Movimiento de Izquerda Revolucionaria (MIR), do Chile, recebeu a maior parte do dinheiro dos �Montoneros�. Nestes tempos em que a cada vez mais operante esquerda internacionalista (seria a �5� Internacional Comunista�?) tenta demonizar Augusto Pinochet, que somente no Chile responde a mais de 200 processos movidos principalmente pelos comunistas, � bom lembrar que o dinheiro remetido pelos cubanos ao MIR foi ap�s o ano de 1977, portanto mais de 4 anos ap�s a queda de Salvador Allende. Como se pode depreender, os �perseguidos� pelo Governo de Pinochet, assim como ocorreu no Brasil, n�o desejavam o retorno da democracia, por�m tentaram impor um regime comunista no Chile, tanto antes do �golpe� de Pinochet, quanto depois.

O Chile sob Pinochet, portanto, n�o foi um governo que desrespeitou os direitos humanos de cidad�os honestos e trabalhadores. Pinochet teve pela frente uma longa guerra para eliminar muitos inimigos cru�is, que promoviam atos terroristas para desestabilizar o pa�s e implantar, n�o a democracia, por�m a �ditadura do proletariado�, que era o que realmente desejavam os guerrilheiros enviados por Cuba ou treinados naquele pa�s. O MIR foi criado em 1965, com a meta de alcan�ar o poder pol�tico via luta armada, e participou ativamente do governo Allende (1970-1973) para a prepara��o de um autogolpe (Allende havia conquistado apenas 36,5% dos votos para Presidente), para implanta��o do socialismo, o que foi evitado pela firme interven��o das For�as Armadas, com o general Pinochet � frente, em 1973. O mesmo MIR, em 1989, participou do seq�estro do empres�rio brasileiro Ab�lio Diniz, junto com a FPL de El Salvador. Pode-se afirmar tamb�m, sem exagero, que o seq�estro de Ab�lio Diniz teve o apoio log�stico de ningu�m menos que o terrorista na ativa mais cultuado pelas esquerdas: Fidel Castro.

Um outro aspecto importante abordado por Casta�eda em A Esquerda Desarmada refere-se ao pr�prio t�tulo do livro. Com efeito, Casta�eda identifica muitos grupos guerrilheiros da Am�rica Latina, que abandonaram o terrorismo para participar da vida pol�tica em seus pa�ses, criando partidos pol�ticos pr�prios ou se associando a outros j� existentes. Da� a denomina��o �esquerda desarmada�. O abandono da �luta com armas�, em que a esquerda s� havia colecionado derrotas, para participar nos Parlamentos do processo democr�tico da �luta de id�ias�.

Mais de duas d�cadas ap�s a desmobiliza��o de grupos marxistas armados na Am�rica Latina, assiste-se hoje, no Brasil, a um movimento talvez in�dito em todo o mundo: a �guerrilha desarmada�.

Na Espanha, o grupo terrorista ETA anda mais armado que nunca para continuar a promover suas a��es revolucion�rias. O mesmo acontece na Col�mbia, com as FARC e o ELN. Obviamente, nesses pa�ses os integrantes dos grupos revolucion�rios utilizam-se do anonimato e do terrorismo para tentar fazer prevalecer suas id�ias. Por isso devem ficar bem escondidos da pol�cia, ou se refugiar em �santu�rios� como Cuba e L�bia, ap�s mais um ato terrorista. O mesmo n�o se pode dizer do Brasil. Aqui, os revolucion�rios das d�cadas de 1990 e de 2000 s�o velhos conhecidos de todos os brasileiros, n�o precisam utilizar codinomes para esconder suas caras, como nas d�cadas de 1960 e 1970, nem usar m�scaras, como o Subcomandante Marcos, atual l�der dos zapatistas. Os novos revolucion�rios passeiam com desenvoltura junto � esfera dos tr�s poderes, s�o incensados pela m�dia, recebem vultosas somas de dinheiro p�blico e de dezenas de ONGs para promover a desestabiliza��o pol�tica e social do pa�s. Pregando a elimina��o do sistema econ�mico atual, vale dizer, a destrui��o de nossa pr�pria na��o e de nossa brasilidade �, para colocar em seu lugar um sistema socialista de produ��o que n�o deu certo em nenhum lugar do planeta, nossos revolucion�rios se d�o ao luxo de promover as maiores barbaridades no pa�s sem precisar utilizar um tiro de garrucha sequer. Os barbudos revolucion�rios brasileiros inventaram a bem sucedida �guerrilha desarmada�.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) � o �cone da �guerrilha desarmada� brasileira. Atuando em praticamente todos os estados brasileiros, consegue mobilizar o equivalente a uma Marinha brasileira em um �nico dia, para realizar protestos em todas as capitais, tomar bancos e pr�dios p�blicos, fazendo centenas de ref�ns, sob o olhar complacente das autoridades. Com m�todos guerrilheiros, o MST invade fazendas produtivas, promove a destrui��o de benfeitorias no campo, assalta caminh�es carregados de alimentos nas estradas, e nem um �militante� sequer � preso. Utilizando-se apenas da massa humana, incluindo crian�as, mulheres e pessoas idosas, a avalanche humana � a �nica arma utilizada com sucesso pelo MST, ciente de que nada, exceto um batalh�o do Ex�rcito disposto a atirar para matar, poder� deter a for�a coordenada da massa de centenas de pessoas dispostas a tudo. Quando finalmente o poder p�blico, depois do estrago feito, se disp�e a expulsar os meliantes, o MST se utiliza dos m�todos mais sujos para enfrentar a pol�cia, como, por exemplo, colocando crian�as e mulheres gr�vidas � frente da for�a policial, para impedir a reintegra��o de posse do terreno objeto de invas�o e esbulho. Devido a este jogo sujo, a �guerrilha desarmada� obt�m tanto sucesso, pois os governadores ficam manietados, relutantes em empregar a for�a policial para cumprir decis�es da justi�a, com medo da ocorr�ncia de outros �eldorados do caraj�s�. Assim, passando por cima da ordem p�blica, rasgando a Constitui��o, pregando o �dio entre brasileiros, sem nenhuma rea��o das autoridades, se apenas com foices e bandeiras nas m�os o MST consegue tanto, por que essa �guerrilha desarmada� haveria de utilizar armas e atentados terroristas tradicionais para conseguir seu intento?

Com a complac�ncia do Governo federal, a �guerrilha desarmada� n�o se contenta mais em apenas promover a baderna em nosso pa�s: passou a criar v�rios centros de ensino revolucion�rio. Antes, tais focos eram semiclandestinos, como o centro de criadores de �balilas� localizado na cidade de Ca�ador, SC. Hoje, a �guerrilha desarmada� promove seus �Pinar del R�o� em muitos pontos do pa�s, sem discre��o alguma, com o amparo acad�mico da PUC de Campinas, recria��o da �Universidade Patrice Lumumba� dos tempos sovi�ticos. Nesses centros de propaga��o revolucion�ria, as autoridades n�o t�m permiss�o de entrar, nem os jornalistas ou a televis�o podem colher o que l� dentro � plantado. Acima do bem e do mal, barbud�es se alimentam do fel marxista para envenenar nossas crian�as e nossos jovens, que aprendem a n�o respeitar as leis vigentes, que �foram feitas pela burguesia�, e aprendem a ter �dio de seus semelhantes, fazendo desses pobres micos amestrados os futuros l�deres de uma massa de manobra que tem por objetivo implantar em nosso pa�s o �para�so� cubano.

A �ltima demonstra��o de for�a da �guerrilha desarmada� p�de ser vista por ocasi�o do F�rum Social Mundial, realizado em Porto Alegre, no final de janeiro do corrente ano. Embora o F�rum seja defens�vel em muitos aspectos, especialmente no sentido de apresentar uma proposta para melhoria do com�rcio internacional, com benef�cios para todos os pa�ses nesses tempos de um mundo globalizado, n�o apenas para os pa�ses ricos, o que se viu durante o encontro foi a predomin�ncia das vozes da esquerda de m�ltipla esclerose, da �guerrilha desarmada�, que entre vivas e vivas a Cuba e � Cor�ia do Norte imp�s seu tom autorit�rio. Apoiada pelo �or�amento participativo� do governo petista, quando o povo ga�cho foi obrigado a �participar� do pagamento de R$ 1,3 milh�o, para emiss�o de passagens a�reas para 163 apaniguados esquerdistas, com estadia em hotel com di�rias de R$ 600,00, a �guerrilha desarmada� fez a festa pelas ruas da capital ga�cha, com passeatas puxadas pelo governador Ol�vio Dutra, onde pululavam fotos de L�nin e Che Guevara nas m�os de furiosos �balilas�. No F�rum, quem coordenou o tema �democracia� foi Ricardo Alarc�n de Quesada, de Cuba. Foi armado estande para o grupo terrorista ETA, um desrespeito para com nosso pa�s amigo, a Espanha. A mesma ofensa foi cometida contra o governo colombiano, com palestras sendo feitas por um guerrilheiro das FARC, garbosamente escoltado pela Brigada Militar. E para n�o perder a m�stica e a �pr�xis� revolucion�ria, o MST de Jo�o Pedro St�dile, juntamente com o agitador franc�s Jos� Bov�, destruiu uma planta��o experimental de soja da Monsanto na cidade de -- que ironia! -- N�o-me-Toque. Obviamente, todas as emissoras de TV tinham ci�ncia de que iria ocorrer essa agress�o -- mas n�o a pol�cia, como de costume.

Uma �esquerda desarmada� � perfeitamente conceb�vel. Por�m, uma �guerrilha desarmada� � dif�cil de conceber, ao menos em pa�ses s�rios, onde as leis s�o respeitadas. Nesses tempos em que a �nica coisa organizada do Brasil � o crime, com rebeli�es de pres�dios pipocando simultaneamente em mais de 20 cidades paulistas, sob a ordem de bandidos presos que acionaram o plano com telefones celulares nas m�os, a �guerrilha desarmada� n�o � uma cria��o t�o original assim. O que h� em nosso pa�s � apenas um Governo que n�o existe.

 

F�lix Maier � membro do Ternuma Regional Bras�lia. Visite o site do Ternuma: www.ternuma.com.br