Leituras recomendadas 104
Centesimus Annus
José Nivaldo Cordeiro
Tive a oportunidade de reler a encíclica "Centesimus Annus", elaborada pelo Papa João Paulo II em 1991, ano comemorativo do centenário da encíclica "Rerum Norvarum", do Papa Leão XIII. E foi um grande prazer. O Papa João Paulo II não apenas endossou as posições do seu antecessor, como exaltou-lhe a clarividência ao perceber o que ocorreria no século XX no mundo político, especialmente com o surgimento das diversas formas de totalitarismo e, em particular, do comunismo. Os dois Pontífices não têm dúvida em condenar o socialismo, como podemos ver no seguinte trecho:
Essa é a posição oficial da Igreja relativamente à questão. Exalta a propriedade privada, defende a livre empresa, entende que o socialismo só traz prejuízo econômico, político, pessoal e religioso. Então como explicar que o clero brasileiro engaja-se majoritariamente na luta pelo socialismo, apoiando inclusive aquelas facções notavelmente revolucionária? Como o Vaticano tolera isso? Não tenho respostas, até porque conheço pouco da política interna da Igreja Católica e sei menos ainda sobre as estruturas de poder que lá existem. Mas não há dúvida que há uma contradição abissal entre o que diz o Sumo Pontífice, supostamente a posição oficial e dominante e aquilo que vemos no dia a dia da Igreja Católica do Brasil.
Recentemente tive a oportunidade de comentar as análises
conjunturais da CNBB. Aquelas análises são uma
ação clara de desobediência à linha
oficial do Papa. Têm caráter cismático. Uma
situação dessa não poderá permanecer por
muito tempo. Ou Roma muda a Igreja brasileira ou a Igreja brasileira
poderá tomar um caminho imprevisível.
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