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Leituras recomendadas – 87

 

Processo de Moscou

Carlos Alberto Reis Lima - m�dico
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13 de novembro de 2001

 

N�o interessa � sociedade o destino que o PT dar� a Di�genes de Oliveira. Sen�o por curiosidade, o que acontecer� ao pr�cer petista � perif�rico ao interesse maior da sociedade. Se n�o o fosse, seria for�oso admitir que problemas de foro interno de um partido vibrariam como se o partido, o Estado, o governo, e a administra��o p�blica estadual fossem uma �nica e exclusiva coisa, o que o PT n�o gosta de admitir, mas que a sociedade come�ou a perceber neste lament�vel epis�dio de tr�fico de influ�ncias. Outro n�o � o motivo da c�lera sobre o relator da CPI e a pr�pria CPI quando eles identificaram nas liga��es perigosas de Di�genes o dedo do partido-governo, do governo-Estado, da administra��o p�blica-partido, e do partido-Estado, uma �nica e s�lida esfera, palavra t�o ao gosto dos intelectuais softs do PT. N�o t�m eles do que se queixar, entretanto; tudo fizeram e fazem para confundir nesta nebulosa esfera aquilo que a verdadeira democracia busca incansavelmente separar, para que bandeiras partid�rias n�o se sobreponham � transitoriedade do governo e � perenidade da administra��o p�blica, para n�o falar no Estado, o ente maior, neutro por defini��o e imortal por soberana necessidade.

Por tal, n�o se entende a manifesta��o aprior�stica do Secret�rio da Justi�a e da Seguran�a da inatacabilidade de pessoas e entidades. Ol�vio n�o � Deus; o PT � um partido, singular, sui-generis, por certo, mas que nem por isso pode se autoproclamar inatac�vel como querem seus defensores. Ou bem confessa que esta singularidade o faz precisamente suspeito de se sobrepor �s leis que a todos obriga, ou admite de vez o car�ter excepcional de um partido que tem na sua vanguarda, pelo menos, uma fac��o socialista-revolucion�ria n�o desprez�vel, como bem o indica o curr�culo dos seus principais astros, como um v�rtice irresist�vel que a tudo e a todos arrasta para aventuras perigosas.

De tudo se conclui que a CPI revelou uma ponta obscura at� ao momento aos olhos do eleitorado ga�cho e brasileiro; ela tocou um ponto essencial, qual seja, o PT � diferente, e esta diferen�a n�o provem de sua honestidade, nem de sua ��tica�, mas sim de sua postura revolucion�ria que o coloca em condi��es privilegiadas no enfrentamento dos outros partidos. � como se em um duelo um dos contendores usasse armas que s�o sonegadas ao outro. N�o h� debate democr�tico que resista a esta falta de fair-play, nem tampouco h� democracia onde um dos contendores n�o aceita as regras a todos imposta. Diante desta contradi��o brutal restou ao Partido dos Trabalhadores o insano labor de desqualificar a CPI, n�o por seus exageros, mas por ela ter revelado ao mundo que h� alguns partidos que s�o mais iguais do que outros. � sociedade alertada por uma imprensa rec�m desperta n�o agradar� a reedi��o estalinista de outro Processo de Moscou.